Restaurante

— Eu pensei o mesmo a alguns minutos atrás.

Relaxou os ombros e pediu outro copo de café.

— Por outro lado, isso não é tão ruim. Nesse mundo, quanto mais você sabe, mais riscos corre.

O que lembrou que ele havia estendido muito seu interrogatório e que sempre que saia de casa, acontecia alguma coisa com ele e com quem estivesse com ele. Isso ainda o preocupava de uma forma absurda. Skylar estava segura com ele? Era um mago habilidoso, porém, fisicamente frágil. Em um combate contra um servo, não resistiria. Suspirou.

— Se precisar de ajuda, me procure. Certo? Você não tem nada a ver com a guerra, creio eu... — A ideia de que ela fosse o novo receptáculo do graal, por essa quantidade de circuitos absurda não lhe saia da mente. — Então posso firmar uma aliança contigo.

Ela ouvia as palavras do homúnculo atentamente. Não poderia se permitir perder alguma palavra em meio ao assunto que tão pouco entendia.

— Concordo, de alguma forma. — se espreguiçou levemente para trás. — Ah, eu queria viver como apenas uma enfermeira normal...

— U-Uma aliança? — pensou na conversa com a sombra alguns dias atrás. — Eu iria adorar! — abriu um sorriso enorme. — Sim, esse negócio de Guerra tem me deixado um pouco confusa. Acredita que até sonhei com o Graal? — riu de leve.

— Olha, normal não é uma opção enquanto essa guerra durar. Eu temo que até mesmo depois.

Aguardou o café, pagou novamente e se levantou com o "modesto" copo em mãos. Quase desconsertou-se com o sorriso, não era algo que estava habituado.

— Então... Feito. — Cumprimentou-a com uma breve reverência. Se a tocasse na mão seria algo - novamente - estranho, mesmo que este seja um modo tradicional de fechar alianças. Até ouvir o lance sobre o sonho.

— Heh? Que tipo de sonho foi? — O tom foi mais brincalhão que sério, mesmo que ele estivesse muito interessado em saber.

Suspirou. — É, você tem razão.

Skylar havia terminado sua refeição, nem que bem devagar e com o café acompanhando. Seguiu Ethan e se levantou, esticando a mão antes de se lembrar da sensação desagradável que o toque proporcionava.
— Ah, nada demais. Nos meus sonhos, o Graal era como uma... Manifestação negra que lhe perguntava qual era o seu maior desejo e que o realizaria se aceitasse "ceder" seu corpo. — riu. — Dá pra acreditar nisso? E eu aceitei, ainda por cima! — Skylar prosseguiu rindo, completamente inocente.

— Meu corpo? — Não resistiu a brincadeira, até sorriu maliciosamente antes de cair na gargalhada. Em seu interior pensava sobre como tudo aquilo era estranho e que seus palpites sobre ela ser o recipiente do graal estavam completamente certas; Mas se estavam certas, então ela havia entrado em contato com o graal profano. Encerrou a risada ao chegar nessa rápida conclusão, encarando-a novamente. Ela... Não estava corrompida? Era um recipiente tão forte assim? Sobre o desejo... Lembrou dela mencionar a irmã.

É. Ela precisava de um guia.

Eon não era lá flor que se cheire, principalmente nos assuntos que interferem a associação mas ainda era digno de alguma confiança. Se não fosse, não teria chegado aqui. Por outro lado...

— Eu te protejo. — Concluiu subitamente.

Analisando o que ele havia dito, Skylar brincou de ser um pimentão.
— N-Não seu corpo! M-Meu corpo! — tentou consertar... Sem sucesso. Cobriu o rosto com as mãos e esperou que parasse de rir. Quando o fez, relaxou a postura e abriu seu rosto novamente.

Mas, claro, só para querer fecha-lo novamente.
— M-Me proteger? O que quer dizer com isso, Ethan? Lehane pode demorar... Mas eu fiz uma promessa com ele! E não é como se eu fosse tão... Indefesa. — disse, porém sabia que essa era a realidade. Se ao menos o sonho que teve com o Graal fosse verdade...

Os lábios tremeram. Ele queria rir. Nossa, queria rir de novo. Como amava deixar as pessoas nervosas - Principalmente as mais seguras de si. O que não era o caso dela, mas não tirava da graça. Ela. Realmente. Parecia. Muito. Com. A. Allys.

— Tudo bem, tudo bem. Eu só estava brincando. Você é uma boa garota. — Ok. Agora parecia um irmão mais velho e sequer percebeu. Apesar de que Allys era sua filha e lembrava muito certa mulher em Elderlain... Bem, pelo menos ninguém sabia disso.

— Quero dizer que tem uma guerra acontecendo. — Disse com o tom de voz consideravelmente baixo, para que apenas ela escutasse enquanto levava o indicador em frente aos lábios; Com a outra mão segurava o copo.

— Seja como for... Aqui está. — Abaixou o indicador e procurou um cartão no bolso, entregando-o em seguida. Era algo sobre serviços de programação ou whatever. Pelo menos era o número dele.

"Uma boa garota"...? Skylar não tinha certeza do que aquilo significava, mas era um tanto confortante. Sorriu para o comentário genuinamente.

— Mas... Eu não saí do hotel até agora! Não tem como alguém saber o meu quarto tão fácil! — disse, confiante. — E não é como se eu tivesse algo a ver com a guerra... Eu só sou uma pessoa com muitos circuitos!

Ela segurou o cartão em mãos, o observando. Fora o número de Ethan, não entendeu mais nada. Era péssima com tecnologia.
— Ah, obrigada! — agradeceu. — Espero que não cobrem muito para ligar do hotel, hehe. — disse sem pensar. — Mas... Como eu vou saber quando estou em perigo ou algo do tipo? Eu não sinto essas energias que vocês magis sentem...

— !!!!!!!!!

A ouvir exclamando aquelas coisas assim fez com que Ethan lançasse o corpo sobre ela rapidamente, tampando a boca dela com a mão e abafando as frases.

— Mais baixo, pelo amor de Deus... Mais baixo... — Disse visivelmente nervoso e riu após solta-la, gesticulando um pedido de desculpas.

— Por isso eu ofereci minha ajuda.

A garota chegou ali e ao encontrar o professor em cima de uma mulher segurou o riso malicioso que viria ao ver aquilo, aquela era uma cena engraçada. Contudo, precisava comer.

SÓ VEM

A morena se surpreendeu com o gesto e se tocou que estava falando tudo em alto e bom som. Oops.
— P-Perdão! — disse enquanto sua voz ainda estava abafada pela mão do outro. — Eu esqueci!

— Bom, ao menos que você tenha câmeras por toda a cidade, não vai conseguir monitorar meus arredores! — inocente. Essa era a palavra. — E-Eu agradeço pela ajuda, mas já trouxe problemas demais...

Tossiu ao ver Ohara passando lá perto; Iniciou uma crise de tosses quando ouviu Skylar falando sobre as câmeras de segurança - Ele realmente tinha o bairro em mãos - Tosses, essas que o fizeram, novamente cuspir sangue. Ele olhou para a mão surpreso. Havia muito mais sangue do que a ultima vez. Não sabia se porque estava muito nervoso, doente ou só exagerou nas tosses. Sua respiração mudou no mesmo instante, tornando-se pesada, ainda que lenta.

Levou a mão suja até um guardanapo, enxugando-a, totalmente frio e nem aí. A respiração estabilizou-se aos poucos e ele só olhou Skylar no rosto após se recompor totalmente.

— S... Sua tonta!

Céus! Como Skylar a lembrava! Por um reflexo, passou a outra mão na cabeça desta, bagunçando os fios negros ali.

— Você vai ficar comigo até entender algumas coisinhas. Não estou te dando opções.

Aquele era Coder falando mais alto na mente de Eon.

Enquanto o pai do RPG estava conversando com a morena sem noção, um funcionário se aproximou de Ohara e educadamente, perguntou o que ela desejava.

Skylar percebeu quando o albino tossiu mais alto e vermelho, diga-se de passagem. Imediatamente fuçou em sua bolsa a procura de remédios, mas... Que remédios se dava para alguém que nascera com essa condição pré-programada? Decidiu por um comprimido para a garganta, o oferecendo pra ele.

"S-Sua tonta!"
A mulher olhou para baixo envergonhada EM DESCOBRIR QUE O EON É TSUNDERE por ter feito ele dizer aquilo. Ela já se sentia sua irmãzinha mais nova.

— T-Tudo bem... — brincou com os dedos, meio incerta do que fazer.

A garota sorriu de lado e olhou para o garçom. A cena havia sido cômica.

— Gostaria de uma mesa, para uma. — Falou educada e esperou que o garçom a guiasse.

Limpou a garganta uma vez. Até que não se incomodava com o gosto de sangue, mesmo o seu. Ainda sim agradeceu - Educadamente, diga-se de passagem - a ajuda que Skylar lhe prestou. Não iria dispensar, mesmo que não acreditasse que aquilo fosse aliviar sintoma algum, já que acreditava ser uma condição genética somada a aquele miasma, má alimentação e noites sem sono.

— Boa garota. — Estreitou o olhar. Agora sim, parecia um professor da Morgan. Ou um irmão mais velho.

— Sim senhora.

O funcionário mostrou a mesa e a entregou o cardápio para que escolhesse à vontade.

Ficou contente em ver que havia aceito seu remédio, mesmo que não entendesse se funcionavam ou não em homúnculos. Estava incerta se agradecia ou não, então apenas sorriu de volta. Ele passava a mesma áurea protetora de Lehane.

— Então... Para onde vamos?

A garota agradeceu baixinho e se sentou, não havia motivos para ficar preocupada em ser morta a qualquer momento por ter um servo, agora seria apenas a morte normal(?)

— Quero um macarrão e uma água tônica. - Pediu e guardou o cardápio

— Comprar café!

Pareceu animado com a ideia, era seu maior vício, afinal. Assim, Eon gesticulou para que Skylar o seguisse, parando perto de Ohara antes de sair.

— Quanto tempo, Loba. Como está?

Tudo dava um total de $27. O funcionário não se sentiu na obrigação de divulgar o preço já que este, estava contido no cardápio. Apenas sorriu e foi encaminhar o pedido da jovem.

Ohara olhou para o professor e deu um sorriso, comunicação.

— Estou bem, homem raposa? Apenas ... - Mostrou a mão que não continha mais o selo. — Agora o anel não brilha mais, contudo você já deveria saber. - Falou após pensar um pouco e então olhou para a garota.— Olá. - sorriu ao cumprimenta-la — Sou Ohara, Prazer.

Skylar seguia Eon obedientemente. Não queria lhe trazer mais problemas.
Viu o albino cumprimentar a garota e chama-la de "loba". Não havia entendido, mas fazia tempo que entendia algo completamente. Sorriu para a garota, que descobriu se chamar Ohara.
— Olá! Sou Skylar, prazer!
Indagou o porquê de'la ter mostrado a palma da mão para ele, mas... Não perguntaria ali e agora.

— Eu sei disso. Espero que não te metam mais em encrencas e... Ah,

Passou a mão nos cabelos dela demoradamente, retribuindo a primeira vez que eles se conheceram; Ela entenderia. Sequer pareceu se importar com o apelido, na verdade, ele havia pensado nisso há um tempo e não tinha como negar tal carapuça. O gesto dela lembrou também que havia saído sem anel. Chegou a olhar Skylar com o canto dos olhos - Para garantir que ela não exclamasse nada esquisito de novo e removeu a mão tranquilamente.

— Você está bem? O seu pescoço... — Não deixou de notar também.

Não demorando, o homem serviu devidamente tudo, perguntou se ela não desejava mais nada e caso esta não desejasse, se retiraria.