Hospital Régio

Tabatha controlava o sorriso falso o quanto podia. Estava a segundos de explodir. Era uma ótima atriz, mas tinha pavio pequeno. Bem pequeno. Um pavio-pênis-asiático.

Até que ouviu os grunhidos vindos da maca, sem saber se se afastava ou se aproximava. Se afastar = não ser presa ou algo do tipo/ Se aproximar = talvez conseguir algo com a realeza, que era seu objetivo.

— Vossa alteza! — inclinou-se levemente para a frente, em respeito. — Fico feliz em ver que acordou! Meus esforços não foram a toa! — gargalhava internamente. Só internamente. — Eu sou Tabatha Gravis. Sim, dos Gravis! Cheguei na cidade quase ao mesmo tempo que vossa alteza! É uma tragédia que nos conhecemos em tal situação, espero que tenhamos um encontro mais agradável em um futuro próximo!

- Scilla estava justamente preocupada de acabar irritando Tabatha demasiadamente por sua insistência contra a insistência dela.

Estava pensando qual seria seu próximo passo quando ouviu os grunhidos e olhou para a maca. Um grande sorriso de alívio apareceu em seus lábios e chegou a lacrimejar conforme se apressou rapidamente. Deteve seu impulso em segurar a mão do rapaz mas pousou a mão em seu ombro, enquanto se inclinava para observa-lo, averiguando que estava acordado. -

- Rayst! - Suspirou completamente aliviada, fechando os olhos enquanto apertava de leve o ombro dele. - Que bom...

- Se virou para a Gravis que estava falando tão rapidamente daquela forma. Fez uma expressão de dúvida, se lembrando da mulher de mais cedo que havia alegado trazer-lo e deter aquela mulher de se aproximar. Agora ela alegava que se esforçou para trazê-lo de volta..?

Pela primeira vez, Scilla ficou com o rosto realmente sério, sem sair do lado do Rayst. -

- Eu não sei se ele está bem o suficiente para lidar com isso, senhorita Gravis. - Olhou-o, a preocupação voltando a estampar seu rosto, esperando que ele a contradize-se já.

Observei uma das silhuetas inclinar-se em minha direção e balbuciar um monte de coisas que, naquele momento, me eram incompreensíveis. Então a segunda voltou-se para mim e pressionou meu ombro levemente, enquanto clamava pelo meu nome.

— Ah...? — Tentei comunicar-me novamente, mas o fiz em vão. Da mesma foram que antes, nada além de um gemido abafado escapou de minha boca. Sentia-me completamente impotente naquela situação.

Suspirei lenta e frustradamente, sem dúvidas não havia o que fazer. A medida que os segundos passavam, minha visão tornava-se mais nítida e eu era capaz de distinguir melhor o ambiente ao meu redor e, principalmente, a figura que estava a meu lado. Possuía características um tanto quanto familiares, sem sombra de dúvidas. E sua voz...

Cantinho da narradora:
A enfermeira, percebendo que as coisas haviam se acalmado, interrompeu qualquer tipo de conversa em uma língua não codificada pelo ser humano (leia-se: seja lá o que Rayst estivesse tentando dizer).
— Com licença, mas vou ter que pedir que as duas se retirem por um momento. — pediu com gentileza. — Vamos tratar da desnutrição da alteza e lhe fornecer sigilo completo.


Tabatha se preparava para rodar a baiana quando a enfermeira as interrompeu. Ainda tentava bancar a aboa garota, então apenas sorriu para a outra.
— Te ofereço um café, o que acha? Acho que precisa se acalmar ~

Sabendo ou não a resposta, ela iria sair da ala e esperar na recepção. O recepcionista ainda parecia não entender o que havia acontecido. Riu internamente por uma segunda vez.

- Rayst... - Murmurou para si mesma enquanto o observava.

- Estava verdadeiramente preocupada, a boca do seu estomago estava apertada e não conseguia parar de pensar em como iria fazer com toda aquela situação. Será que se tivesse ido com ele teria conseguido fazer diferente? Acabou suspirando e, meio contragosto, acenou com a cabeça quando a enfermeira disse para se retirarem.

Cabisbaixa, ergueu o olhar para Tabatha e deu um sorriso pequeno, acenando negativamente com a cabeça. -

- Agradeço senhorita, mas, gostaria de estar aqui quando ele vier a estar disponível para visitas.

- Dito isso, se dirigiu para a recepção, ainda olhando por cima do ombro para o quarto do Rayst. Iria se sentar e ficar aguardando ansiosa. -

Teu cu, amiga.
Sério que eu passei por tudo pra essa VADIA, VA-DI-A, recusar MEU dinheiro, com a minha mesada de dez mil euros, que não dá nem pra me sustentar, e simplesmente ficar na recepção dessa droga?! Agora eu fiquei irritada.

Fingi meu sorriso uma última vez, esperando que não parecesse tão psicopata quanto pensava, e respondi em uma voz calma, que tinha um profundo desejo de matar aquela puta loira na minha frente.
— O-Oh... Tudo bem, então. Nos vemos por aí! — no seu funeral, espero.

Tentei não sair marchando. Tentei mesmo. Que essa vadia não saiba o que é psiquismo e o quanto eu vou fazer o albinozinho frouxo traí-la com ele. Que ela me aguarde.

MDT -> Visão Geral

A enfermeira que ficou sozinha com Rayst tomou os principais e necessários cuidados com alguém com sua condição. Em outras palavras, fez de tudo para hidrata-lo e nutri-lo. Em pouco tempo, ele estaria completamente acordado. A realeza permaneceu vinte minutos desacordado. Aos primeiros sinais de melhora, a enfermeira se prontificou para chamar pela Scilla na recepção.
─ Senhora? Ele já pode receber visitas, mas está um pouco grogue ainda ~

- Aqueles minutos pareceram horas de uma espera agoniante.

Quando a recepcionista se aproximou, se levantou de imediato e um sorriso estampou seus lábios. Acenou com a cabeça. -

- Agradeço, senhorita!

- Tentando controlar o passo, se apressou para se dirigir para o quarto onde ainda se lembrava, abrindo a porta devagar e espiando, procurando já pelo noivo. Sorriu ao vê-lo e se aproximou devagar, sentindo o coração até mesmo mais leve, apesar da boca do seu estomago ainda estar meio apertado. -

- Ei... Como se sente? - Ajeitou o cabelo atrás da orelha.

Novamente eu despertei. O modo como sentia meu próprio corpo agora simplesmente não tinha qualquer comparação com o modo como estava me sentindo antes. Consegui mover meus membros sem grandes dificuldades e sentia-me, de certa forma, descansado. Além disto, ao abrir meus olhos não tive qualquer dificuldade em enxergar e analisar o ambiente ao meu redor e, mais importante, quem se fazia presente no local.

"Scilla, é claro" E abri um pequeno e fraco sorriso ao pousar minha visão sobre o rosto da mulher. Era de se impressionar a dedicação que aquela mulher tinha. Além do mais, fui capaz de erguer-me da cintura para cima e recostar-me na cabeceira da cama. Suspirei profundamente.

— Sinto-me... bem? — Respondi lentamente. A voz estava descompassada e a incerteza presente em minhas palavras era evidente, uma vez que me veio a dúvida: como eu havia ido parar ali? O que havia me acontecido? Eu simplesmente não fazia a mínima ideia. Talvez Scilla pudesse esclarecer-me?

— ... O que exatamente houve? — A indaguei.

- Se sentiu imensamente aliviada ao ouvir a voz dele. Procurou uma cadeira e puxou para perto da cama, se sentando logo ao seu lado e continuou ali de prontidão, enquanto o analisava.

Ele parecia realmente melhor do que antes, claramente havia sido bem cuidado e não havia o que criticar. -

- Que bom... - Mas, a pergunta que se seguiu fez sua expressão ficar um pouco atordoada, conforme ela olhou para frente, se lembrando. - Aparentemente você desmaiou por falta de descanso, desnutrição e desidratação... Te encontraram na rua e te trouxeram para cá. Não sei quem realmente te resgatou em compensação...

- Levou a mão para o queixo e o segurou, fechando os olhos enquanto lembrava tudo o que aconteceu. A garota que estava ali junto com Tabatha havia dito que o trouxe e o protegeu da Gravis, que continuou fazendo uma cena.

Lembrar da cena a causou desgosto, e, como era sincera demais com suas emoções, isso ficou estampado em seu rosto com uma pequena expressão de quem "comeu e não gostou", mas rapidamente procurou melhorar a expressão por estar na presença do Rayst. Deu um sorriso meio incerto, em compensação, o olhando de volta. -

- Tabatha, da família Gravis, estava aqui junto com uma outra garota quando cheguei. A desconhecida disse que te trouxe e te protegeu da Gravis, enquanto esta continuava insistindo em permanecer perto de ti. - O desgosto transpareceu de leve novamente conforme ela se remexeu na cadeira e bufou, fazendo uma careta meio infantil de raiva. - Ambas já foram embora; Gravis me convidou para um café, mas recusei.

- Pensou em comentar que Tabatha parecia ter saído com raiva, mas, decidiu não comentar isso por não ter certeza.

A loira voltou a atenção para Rayst, voltando a sorrir meio contente de atestar que estava bem. -

Então eu havia desmaiado por cansaço extremo, desnutrição e desidratação? Uau. Eu havia saído para explorar a cidade e nem sequer me dei conta da condição em que meu corpo se encontrava, acabando por desmaiar em consequência disso. Suspirei profundamente outra vez. Como diabos havia cometido um descuido daquele tamanho?

— ... Entendi. — Respondi, após refletir a respeito do acontecido por alguns momentos. Minha voz já não se fazia tão trêmula quanto antes.

Scilla prosseguiu com a explicação e mostrei-me ligeiramente surpreso ao receber a notícia de que alguém da família Gravis havia acompanhado-me e, em igual proporção à sua surpresa, surgiu a confusão em minha mente.

— Gravis? — Questionei, a confusão estampada em minha face. Dei uma sútil risada. — Como assim proteger-me de Tabatha? — Questionei, ainda mais confuso do que antes. E acima de tudo, como assim uma mulher que aparentemente representava-me ameaças convidou minha noiva para tomar um café?

Franzi o cenho. Aquilo tudo era, no mínimo, cômico. E bizarro. Direcionei minhas mãos à testa e deslizei-as dali até sobre meus cabelos, puxando os fios para trás uniformemente e unindo-os numa densa mecha e jogando-a sobre meu ombro esquerdo.

- Continuou observando Rayst conforme ele se movimentava e reagia. Lentamente seu rosto recuperava um bom tom de cor assim como ele parecia estar falando com cada vez mais segurança. Isso a deixava aliviada, mas, ficou confusa com a reação dele quanto a Tabatha. -

- Bem, pelo o que entendi, o que a desconhecida havia dito seria que ela se referiu a você como "meu corpo". Ela foi bem... Insistente.

- Falou a ultima parte um pouco pensativa. Gostaria de ter tido a chance que Rayst pudesse conversar com ela, apesar de não confiar naquela mulher, provavelmente ele teria tido a melhor capacidade para julgar a situação... Assim como as suas intenções. Acabou dando de ombros, voltando o olhar para ele. -

- Kristell não havia retornado para casa quando sai.

— "Meu corpo?" — Indaguei. Meu cenho permaneceu franzido. Encarei Scilla por alguns momentos enquanto tentava processar o modo como Tabatha supostamente havia ousado a se referido a mim.
"A partir de que ponto os Gravis perderam a boa noção? Referir-se a um membro da realeza como posse é um erro digno de umas boas chicotadas." Pensei comigo mesmo, estupefato.

A situação agora estava mais para bizarra do que cômica, sem sombra de dúvidas. Suspirei.

— Saberia me dizer quando receberei alta deste lugar, Scilla? — Questionei-a educadamente. Mudar de assunto me parecia um tanto quanto apropriado para aquele momento, além de notar um certo desconforto vindo de Scilla ao falar dos tão estranhos eventos recentes.

- Oh! Eu... Não tenho certeza. Acredito que não vai demorar.

- Sorriu, tentando se distrair daquela situação verdadeiramente. Pensando agora, era realmente a primeira vez que passava mais algum tempo sozinha com Rayst, desde que chegou ali, passou muito mais tempo dentro do quarto e tentando não fazer algo que pudesse deixa-lo desconfortável ou irritado.

O que poderia fazer agora? Olhou para suas mãos, sentindo o rosto avermelhando conforme tentava pensar sobre o que faria. -

- Uh-Uhm... Imagino que esteja com fome, não é? Posso ir ver sobre comida.

Sentia-me descansado o bastante para mover meu corpo sem dificuldades e, embora tenha sido nutrido com soro por alguns minutos, não era o bastante para que me sentisse completamente alimentado. Em função disso, respondi a Scilla:

— Sim... — Eu sorri por um momento. — Estou faminto, não posso negar. — Empurrei com a mão esquerda meu cobertor e cruzei minhas pernas. — Peça um lanche para nós, Scilla. — Solicitei-lhe, enquanto espreguiçava-me calmamente. — Sei que este não é o local mais adequado para isso, mas luxos não possuem qualquer importância agora. — Declarei. Levei meus olhos de encontro aos dela e voltei a esboçar um fraco sorriso.

- Sentiu o rosto esquentando conforme ouvia as palavras que se seguiram acompanhadas por aquele sorriso. A energia que passou pelo seu corpo parecia a renovar e logo o sorriso animado voltou aos seus lábios como sempre costumava ser. -

- Sim, claro!

- Se levantou rapidamente e se retirou do quarto, olhando ao redor e se aproximou de uma enfermeira, meio sem jeito sobre como poderia proceder ali. Não sabia sobre como seriam os códigos do hospital em relação a comida, mas sabia que normalmente não podia trazer comida de fora, dependendo do caso (apesar que Rayst era da realeza e ainda por cima não era um caso sério). -

- Por favor, eu gostaria de um lanche para o quarto do Rayst Van Alten. - Disse olhando para o lado enquanto coçava a bochecha com o dedo indicador. - Agradeço!

- Voltaria para o quarto assim que tivesse tudo encaminhado, claramente com um humor radiante. -

— O jantar logo será servido! — ela respondeu com um sorriso.

Em não muito tempo, uma das funcionárias bateu à porta de Rayst com todo o respeito que se deveria ter à família real. Deixou a comida - que só faltava brilhar - na mesa embutida na cama e fez uma reverência ao sair. Ao abrir a bandeja, Rayst encontrou um prato típico da Holanda em sua versão Sem_Sal_+_Sáude: Stamppot. Um prato de inverno com verduras, batatas e carne em forma de ensopado. O toque final é uma abertura no meio do cozido preenchida com caldo de carne.

— Obrigado. — Agradeci à enfermeira, levando meus olhos até Scilla em seguida e acenei positivamente com a cabeça, direcionando-lhe outro agradecimento por ter pedido a comida como lhe solicitei. Retribuí a reverência com um breve sorriso e suspirei quando ela retirou-se do quarto.

— Enfim comida! — Declarei, em tom de brincadeira. Eu estava faminto. Apressado, apanhei os talheres necessários e dei início à degustação de meu jantar.

Após alguns minutos me alimentando do ensopado, dei-me por satisfeito. Embora antes sentisse-me com muita fome, deixei que restasse um pouco de comida sobre meu prato - meu estômago não estava em boas condições para comer em excesso. — Sinto muito por não terem servido a ti também. — Levei a mão esquerda até minha nuca, massageando-a enquanto jogava os ombros para trás, recompondo-me.

Senti-me receoso pela garota naquele momento, gostaria de poder ter tido um breve jantar - se é que poderia dizer isto de uma refeição enquanto num hospital - com ela antes do início da guerra. Talvez não voltasse a ter esta oportunidade, afinal de contas. Embora não nutrisse sentimentos amorosos por ela, reconhecia com clareza seu esforço e dedicação com relação a mim e acreditava que fosse merecedora de minha afeição e respeito.

— Acredito que... — Comecei a dizer, quando então um médico adentrou o quarto. Ele verificou minha pressão e também checou minha temperatura. Eu já havia repousado e me alimentado de modo suficiente e, em razão disto, já estava liberado para retirar-me do hospital - desde que acompanhado por alguém, ele acrescentou - e recomendou-me maior cuidado com minha condição física. Ele avisou também que o castelo já havia sido notificado acerca do acontecimento, e que um automóvel me esperava em frente ao lugar.

Logo que ele retirou-se do quarto, levei as pernas para fora de minha cama e levantei-me calmamente, esticando meus membros e ajeitando as roupas em meu corpo - estavam parcialmente amarrotadas dando-me uma aparência um tanto quanto inadequada.

- Ah! Não se preocupe Rayst, posso comer outra hora.

- Respondeu prontamente com um sorriso sem jeito. Sabia que não era exatamente o melhor tipo de jantar que poderiam ter, e reconhecia também a falta de sentimentos amorosos, ainda mais se tratando de um casamento arranjado; mas, queria acreditar que era possivel se entenderem e serem companheiros apesar disso.

Ficou em prontidão quando ele começou a falar novamente, mas a entrada do médico foi particularmente medida. Não se incomodou muito, apesar da sua curiosidade, ficou aliviada em receber a notícia que ele estava recuperado.

Observou que as roupas estavam um pouco desleixadas e se levantou, se aproximando. -

- Com licença...

- Deu um sorriso sem jeito com o rosto corado conforme se aproximou e começou a ajeitar um pouco da roupa do noivo, tentando deixa-lo um pouco mais apresentavel. Terminado isso, se afastou um passo e suspirou, indo até a porta enquanto o observava com um olhar atento e um sorriso amoroso nos lábios. -

- Vamos, Rayst?

— Sim, vamos. — Concordei. Acompanhei-a à porta e retirei-me do quarto na frente, tomando rumo à saída do lugar o mais rápido possível. Havia me lembrando somente há alguns minutos, mas o tempo para executar o ritual de invocação estava se esgotando e tinha de me apressar.

Ao sair do hospital, pude ver o veículo que me aguardava. Era um carro luxuoso e espaçoso, sem dúvidas algo digno de um membro da realeza. O motorista retirou-se do veículo e abriu-me a porta esquerda de sua traseira, e lá permanecendo com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo e os olhos ao chão em meu aguardo.

Cumprimentei-o e adentrei o veículo juntamente a Scilla. Sem mais delongas, o motorista fechou nossa porta e adentrou ao carro pela porta do assento do motorista, ligando o motor e levando-nos de volta ao castelo.

Uma enfermeira direcionou os dois para a ala de emergências. A mulher pegou o número do telefone de Tsuyoi e sorriu de leve.

— Obrigada...