Casa de Yume

Uma casa simples que, apesar de velha, continua em boas condições. Possui um longo quintal na parte traseira e dois andares, sendo o primeiro constituído da cozinha da casa, da sala e um banheiro. Já o segundo, quatro quartos e um banheiro. A casa possui uma cerca não muito alta (cerca de 2m) ornamentada com setas de ferro em seu topo e um portão também de ferro. A casa é bem mobiliada e possui tudo o que uma casa pertencente a uma pessoa de classe média teria: tudo básico e um pouco mais.

Ao anoitecer, Yume passou a fazer preparativos para invocação no quarto abandonado da casa. O quarto vazio, sem nenhum móveis para atrapalhar. Fez o círculo mágico no chão, que aprendeu em um dos livros mágicos de sua mãe falecida. Terminando, ergueu a mão direita que continha o selo na direção do círculo, citando:

"Sangue sobre a terra,
Lembranças perdidas,
A morte é o silêncio de uma pedra.

Imortal,
Carrega a maldição por toda a eternidade,
Não há lugar para voltar e nem para onde ir,
Inventor da morte. "

O círculo brilhou e a casa estremeceu, porém... não tinha sinal de servo algum, exceto por uma mancha preta no meio do círculo.

Em seguida, a garota pôde notar a respiração de alguém em sua nuca, que foi logo substituída por uma voz de tom reconfortante.

-Me chamou?

Observando apenas a mancha preta, começou a duvidar. Achou que tinha feito a magia de forma errada.
~Deveria aparecer um servo, não?~
Este pensamento desapareceu com o sentir a presença de alguém atrás e tão próximo dela. Virou-se para ver sua serva, tão surpresa que a única palavra que saíram era para responder a pergunta qual tinha escutado.

-Sim...

Parou de prestar atenção na garota um momento para poder prestar atenção em si mesma. Levou as mãos até as laterais do corpo, e voltou até o peito, onde levou as mãos até onde conseguia apalpar os próprios seios.

-Ah... esse corpo... devo admitir que senti falta dele.

Tirou as mãos dali, e ficou quieta agora para observar a garota que estava à sua frente. Fez uma cara de decepção, e levou o indicador até de baixo dos seios de sua mestra, levantando-o para cima. Fez um som de decepção, deu as costas e foi até a janela para observar a vista.

-Devo te dar os parabéns, garota. Ou será que você quem deveria me dar os parabéns por ter te deixado me invocar? Mas, de qualquer forma, não importa. Eu sou sua serva, ∎∎∎∎∎∎∎∎∎ da classe ∎∎∎∎∎∎∎∎∎.

Estranhou a forma que a serva reagia após ser invocada. Obviamente ela tinha mais corpo que a Yume. Mesmo não ligando muito para as aparências, ficou incomodada com aquela beleza e charme que a mulher mostrava. Mesmo que não demonstrando essa tal incomodação.

Ambas ficaram em silêncio observando uma a outra. Até ter os seios sendo examinados por sua serva de uma forma tanto grosseira, o que a deixava um pouco irritada. Manteve a calma, não queria causar mais más impressões. Não se movia do local que estava, mantendo o tom firme na voz.

-De qualquer forma, obrigada. Para mim isso é importante, principalmente se for o fato de ter deixado te invocar. Serei sua mestra, Hayami Yume.

-É, eu já sei que você vai ser minha mestra, está entalhado na sua testa.

Saiu de perto da janela, e jogou-se de qualquer forma no chão, sentando-se ali.

-Um vinhozinho cairia bem agora...

Falou baixinho, e em seguida, deixou sua cabeça cair para trás, soltando um suspiro enquanto fechava os olhos.

-De qualquer forma, mestra, o que você quer fazer agora? Você já tem conhecimento de algum servo inimigo? Aliás, você sequer parece ser de uma família de magos...

Abriu os olhos e então os arregalou, olhando na direção da garota.

-Você... não é de uma família de magos?!

Debochando, disse:

-Será que tem alguma maneira de voltar pra onde eu estava antes de ser invocada?

-Na testa... Na mão, tanto faz, só achei que seria melhor me apresentar.

Por mais baixo que ela tenha falado, Yume conseguia escutar. Afinal, estávamos em uma casa silenciosa na noite. Pensou um pouco sobre a respeito do vinho até a serva a enche-las de perguntas.

-Calma, calma! É claro que sou da família de magos. Minha mãe era uma, porém me passou poucos conhecimentos.

Aproximou-se da mulher, estendendo a mão para ajuda-lá a levantar do chão. Sabia que ela poderia se levantar sozinha e que provavelmente, recusaria a ajuda.  

-Infelizmente, eu não tenho conhecimento de um servo inimigo. Isso tudo é um pouco novo para mim.

Disse, estando decepcionada consigo mesma.

-Mas acredito que tenha um vinho na cozinha. Não faria mal em oferecer um pouco para você. Quer? Podemos discutir após você terminar de tomar.

-Mas sua mãe é uma baita de uma incompetente, viu? Deixando sua filha desprotegida desse jeito no mundo... Pff, patético. Agora, me sinto até inferior por ter sido invocada por uma maga de segunda mão como você.

Apesar do que parecia, ainda deu a mão para a garota, aceitando a ajuda para levantar. Já de pé, novamente deu as costas para a garota como se ela não estivesse ali, e foi até a porta do quarto, procurando pela tão falada cozinha.

-Não se preocupe, eu sei me defender muito bem sozinha...

Não demorou para ouvir reclamações de novo, cansada. Foi atrás da mulher assim que ela deu as costas, até a perceber que ainda estava procurando a cozinha no andar de cima. Yume foi em direção as escadas para orientar, chamava pela serva enquanto descia e ia para a cozinha.

-É por aqui!

Pegou o vinho estava guardado junto com a taça e saca-rolhas. Abriu-o na mesa e colocou na taça.

-Servo inimigo... É...

Falou baixinho.

Pegou a taça e a levou até de baixo do nariz, cheirando o vinho para ver se tinha um bom aroma, porém, se decepcionou. Para ela, o vinho tinha cheiro de xixi de gato, algo que não era digno de ser tomado, mas ainda sim, deu um gole só para poder ter certeza. Engoliu o vinho, e fez o que seria a possível pior cara de desgosto de sua vida. Jogou a taça pela janela que estava aberta, e ouviu ela quebrar quando bateu no chão do quintal.

-Ugh, você tá querendo me envenenar? Achei que nosso trabalho fosse matar os outros servos, e não você me matar.

-Aaahhh!

O som de ouvir a taça quebrando, era a gota d'gua. Desistindo de tentar se dar bem com alguém tão exigente. Pegou o casaco.

-Já chega! Claro não quero envenenar você. Mas pelo visto não adianta ser legal também.

Abriu a porta do quintal para tentar recolher os maiores cacos de vidro da taça com a mão. Terminando de recolher, foi para cozinha novamente e as jogou no lixo.

-Certo, vamos sair um pouco para ver se encontramos alguém. Sinto que daqui a pouco irá tacar fogo em minha casa.

Sorriu ao ouvir as palavras dela, e então a seguiu.

-Você é vidente agora? Só não taco fogo porque não tenho como, pois se eu tivesse, eu daria fim a esse covil de mal gosto que você chama de casa.

-Hunf.

Ignorou. Pegou a chave de casa com dificuldade, suas mãos estavam um pouco arranhadas por causa do caco de vidro e trancou a porta. Partindo em busca de informação.