Hotel Ophold

Logo na entrada já é possível perceber que a maior parte da recepção é composta por móveis rústicos e empoeirados. As pinturas da parede aparentam estar descascando, demonstrando o quão mal-cuidado o estabelecimento é. Alguns velhos sofás estão em uma partição com uma pequena e também velha TV. O balcão está comumente ocupado por um atendente que está sempre a dormir. No final da cômoda, encontram-se as escadas para os quartos. O hotel possui um total de três quartos, sendo que todos eles se encontram empoeirados e com poucos móveis baratos.

Entrando no hotel cambaleando, Trinity apoiou o corpo no balcão e recostou o rosto em um braço, usando o outro para chamar a atenção de qualquer alma viva por ali.

-Ahn, com licença, eu fiz a reserva de quarto de casal, preciso da minha chave. O nome é Izabella.

Estava se sentindo péssima, não conseguia nem saber de onde tirava forçar para se manter em pé.

-Maldito seja!

Ela caçaria aquela pessoa até o inferno par se vingar.

O recepcionista, que estava mexendo em um computador, olha para a mulher e logo vasculha alguns nomes na tela do aparelho.

- Aqui está! - disse e foi até um grande painel, onde estavam várias chaves. Pegou uma delas, com um chaveiro onde se encontrava o numero do quarto e entregou-a. - Aqui está, senhorita Izabella. Seja bem-vinda.

Me aproximo de Izabella e passo meu braço por seus ombros, fazendo-a se apoiar em mim.

- Izabella, minha pequena irmã, sempre me preocupando. - Aceno para o recepcionista, olho para a garota e vou ajudando-a a se manter em pé.- Dominae meae Izabella, pare de me preocupar e se irritar comigo... Por incrivel que pareça... Só quero cuidar para que tu não se machuque ou morra...- Suspiro.

Com um suspiro cansado, Izabella nem tentou se afastar, algo que faria normalmente. Suas pernas estavam bambas devido a falta de sono e comida, suas energias estavam esgotadas, então discutir não era uma opção.

-Eu entendo Nii-san, vou te escutar mais vezes, prometo. Mas me leve logo para o quarto, estou um pouco cansada.

Precisou se conter para não rir ironicamente do "pouco", mas conseguiu manter a fachada com sucesso.

Sorrio ternamente para a garota e a pego no colo, passo a caminhar em direção ao quarto, assim que vejo que não tinha mais ninguem por perto, aproximo meu rosto de seu ouvido e sussurro.

- Você é minha mestra, eu desejo te obedecer, mas ver-te tão machucada, ver-te quase morrendo... Me assustou, o que não acontece a milhares de anos... Algo sempre me impulsiona para tentar te salvar...- Volto a posição normal, parando perto da porta de nosso quarto.- Eu não possuo a chave...

-Hm, algo, entendo.

Erguendo a chave e logo depois a usando para destrancar a porta, Izabella quase gritou de alivio por finalmente ver uma cama, mesmo que não fosse luxuosa, ela estava acostumada a dormir em qualquer lugar que lhe fosse preciso e comparado a os diversos lugares que foi obrigada a repousar, aquele era perfeitamente normal.

-Pois bem, isso não foi em vão, foi? Agradeço por ter cuidado de mim, assumo que sem você eu estaria perdida. Temos algumas informações que quero discutir com você, mas não agora. Primeiro gostaria de ir para cama e se puder, traga algo para eu comer, não sou muito exigente, mas estou a um bom tempo se comer...

Como se para confirmar, sua barriga roncou, fazendo-a corar de embaraço.

-A-Apenas vá!

Olho para a garota e deixo um sorriso escapar, assim que escuto a barriga dela roncar eu solto uma risada, fecho a porta e vou em direção a cama e a coloco deitada lá, me ajoelho na beirada da cama e a olho.

- Em certos momentos você é tão pura... Até me esqueço da vontade que tenho de te matar.- Solto uma risada pela ultima parte do que eu disse.- Sabe... antes de eu ir buscar comida... precisamos conversar.

Ouvir a declaração a fez rir de uma forma que acreditava nem ser mais capaz, o que logo a puxou de volta para sua realidade, desmanchando o sorriso.

-O que pode ser mais importante que uma boa refeição?

Abaixo o olhar e ponho minha mão sobre a sua, após isso levanto o olhar e me aproximo.

- Você sabe o que é... É o que a torna tão forte... O que me deixa imune a fraquezas... O meu verdadeiro nome.-Passo a apenas olha-la.- E também precisamos completar a invocação, não precisamos?

-Estou ciente disso, eu não me esqueci. O dia só foi muito corrido, espero que entenda.

Retirando um enorme bolo de dinheiro de dentro da jaqueta e pondo nas mãos do servo, ela se esforçou para soar o mais normal possível. Embora lembranças amargas a espetassem.

- O que lhe deixa triste Dominae meae Izabella?

Seguro o dinheiro com uma mão e a mão da garota com a outra, apertando levemente para consola-la.

Soltando um suspiro de extremo cansaço. Nessa hora ela desenterrou seu antigo eu, por apenas alguns minutos e nada mais, ao menos era isso que repetia para si mesma. Um sorriso legitimamente gentil e amavel brotou em seus lábios enquanto ela se apoiava nos cotovelos para enxerga-lo melhor.

-Eu só estou cansada, foi uma batalha inesperada e meu orgulho está um tanto ferido. Muitas coisas estão passando por minha cabeça. Então apenas confie em mim quando digo que é só isso.

Ficando de joelhos na cama com certa dificuldade, ela olhou de frente.

-Vamos ao termino da invocação. Meu nome é Trinity, sua única mestra, a qual você deve lealdade. Diga-me seu nome, sua ambição para o Graal e a tornarei real.

-Hum, mesmo sendo quem é ainda deseja isso. Mas não importa qual seja, quando obtivermos o Graal você poderá pedir o que quiser.

Continuou a sorrir enquanto voltava a ficar deitada, sentindo o corpo relaxar de alivio e prazer por finalmente encontrar descanso.

Vou até a garota e a ajeito na cama, cobrindo suas pernas com uma coberta, acaricio sua bochecha e sorrio.

- Você é tão linda Dominae meae Izabella...

Retomando a postura arrogante e cínica, Trinity transformou seu sorriso puro em um distorcido de sarcasmo.

-Graças a você. Sabe a minha vontade? De enfiar um daqueles canos podres da rua na sua bunda, seu irresponsável.

Parou de falar antes que sua dor de cabeça aumentasse. A raiva adormecida aflorou em seu peito no exato momento em que pôs os olhos no garoto. De fato deveria ter ouvido o servo e sair antes da luta para deixa-lo morrer.

-Sabe o chão? Faça bom proveito dele. Se tocar em mim eu congelo suas bolas e jogo para os cachorros da rua comerem sorvetinho de testículos.

Para seu desgosto, estava mesmo se sentindo bem melhor. Mas seu olhar apático não mudou, ela o encarou nos olhos e respondeu com a maio naturalidade.

-Que atencioso de sua parte. Desconhecia esse seu lado. E agora? Vai me dar comidinha na boca?

Várias maneiras de chuta-lo da cama passaram em sua mente e ela trabalhava em cada uma como uma forma em potencial para nocauteá-lo. Estava determinada a responder a altura quando ouviu a última frase, tanto seu rosto quanto pescoço esquentaram, obrigando-a a sentar na cama.

-Não diga besteiras! Por sua causa que estou assim, minimo que pode fazer é cuidar para que eu melhore.

Para sua raiva e desespero, podia sentir o rosto queimando e a visão ficando turva, constrangimento misturado ao pouco de exaustão que sentia.

-Você é bem atrevido também, devolva logo essa comida.