Bellagio — Visão geral

            Mal esperou ele terminar de falar o preço e tirou da mochila 100$ e colocou em cima da mesa da recepção, então disse com um sorriso sutil nos cantos dos lábios.

            - Se você mandar alguém levar comida agora eu faço um servicinho especial pra você depois.

-Vreni...
Continuava a chamá-la pelo nome. Entretanto, era só uma advertência - se precisar, me chame. Irei descansar por hora.

            Acabou seguindo com ele. Será que ele sentiu ciúmes? Era bonitinho de se fazer isso. Respondeu enquanto apertada em seu braço.

            - É que eu estou com tanta fome que faço qualquer coisa pela refeição daqui. É boa demais.

            Respondeu a sua serva assim que foi alertada.

            “-Eu sei dos meus dotes, esse eu fisguei.”

            - Nah nah, não reclame tanto.

            Adentrou para o quarto mas ficou perto da porta esperando a comida.

Agradeceu a garçonete e logo se serviu com um dos pratos. Comeu até matar sua fome e ainda sobrou para o companheiro. Terminou de comer, deitou na cama e apagou na hora.

Outra vez a mesma memoria de sempre: A floresta, os disparos, o sangue, a chacina, a besta, e por fim... Anouk. Já havia se tornado tão normal quanto um andar cotidiano; ele nem ao menos conseguia sentir mais raiva, repulsa ou mesmo medo.

Abriu os olhos puxados suavemente, suspirando. Piscou algumas vezes e tornou a esconder a face sobre as mãos, querendo gritar. Que inferno! Apenas respirou fundo e tomou impulso, levantando-se como de costume; apenas para cair outra vez ao chão e, dando inicio as flexões.

Terminou sua sessão e pegou uma toalha em sua mala, junto a um muda de roupas novas. Partiu para o banheiro, fechando a porta atrás de si quando encontrou no comodo. Se despiu, apoiando-se a pia novamente. Apenas respirou fundo e avançou até o box. Quando abriu a torneira e sentiu a água gelada escorrer sobre si, apenas pode constatar um alivio descomunal em sua couraça caucasiana. Deixava a bambeza o dominar por completo enquanto abria suavemente a boca, gesticulando os lábios num ténue clímax de prazer.

Ficou ali por algum tempo, fazendo sua estrita higiene corporal. Por ultimo tirou a bandagem do braço direito e a arremessou ao lixo. Então levantou a outra mão sobre o ferimento e se concentrou. Um feixe azulado emanou de sua pala, cicatrizando parcialmente o corte causado pelo sacrifício do dia anterior. (-10MP/+10HP)

Terminou tudo que tinha a fazer; se vendo já enxuto e arrumado na frente do espelho outra vez. Suspirou como de costume e abriu a porta, indo checar a enfermeira.

— Boa tarde... — Disse, sauve. — Dormiu bem ontem a noite? Vamos descer para comer alguma coisa?

Sempre a espreita.
O servo sempre seguia o mestre, para onde ele fosse, por onde andasse, era como um anjo guardião, porém, aquilo não era uma bondade do tal e sim seu dever, proteger seu mestre e velar pelo teu sossego, seguir quaisquer ordens. Naquele momento não era diferente, o mestre não precisava dizer nada para que o servo começasse a segui-lo sem ser percebido,sem ser visto, sem ser notado, era claro que ele não se importava com aquilo, porém, seus olhos passavam pelo local inteiro, nenhum detalhe era deixado para trás, sempre tinha uma rota de fuga desenhada em sua mente para que conseguisse escapar junto ao mestre em qualquer situação difícil.
No momento que a porta foi aberta, o servo foi o primeiro a entrar, antes mesmo da garota, mas ninguém perceberia, ficou no canto do quarto enquanto eles comiam e adormeciam.
Pervertido.- O servo pensava consigo mesmo enquanto olhava para o casal na cama.

Se espreguiçou sobre a cama e suspirou, se sentou na cama calmamente e piscou os olhos algumas vezes, ajeitando os cabelos para trás da orelha e as alças do sutiã no seu ombro. Olhou em volta, e levantou o corpo, apanhando as peças de roupa, e as colocando sobre a cama logo em seguida.

Caminhou até ao banheiro e escovou o cabelo rapidamente, lavou o rosto, bebeu alguma água, colocou alguma maquilhagem, ajeitou o piercing e os seus brincos, e voltou ao quarto para se vestir.

Após se vestir levou a mão à barriga e bocejou. Tinha fome, estava esfomeada. E tinha que tomar um café. Um belo e amargo café. Admitia que a comida de Sharon era ótima, mas naquele momento, nada se comparava a uma boa refeição no restaurante.
Decidia, ajeitou as roupas, apanhou o cabelo com o pequeno laço, e então desceu em direção ao restaurante.

— Ok, então. — disse ajeitando algumas coisas no bolso, como carteira, cigarros e afins.

O loiro abriu a porta e esperou que a enfermeira passasse primeiro, fechando o quarto logo em seguida e tomando rumo pelos corredores até o elevador. Entrou junto a garota e desceu até a recepção. Não pode deixar de dar uma leve piscadinha para Logan enquanto passava pelo pobre funcionário. Riu para si mesmo e prosseguiu até uma próxima área, essa que era o restaurante do hotel onde o jantar já era servido.

Primeiramente deixou que Skylar fosse na frente, passando pela funcionaria que deu uma ficha a ambos e logo escolheu uma mesa para os dois. Sentaram-se juntos, olhando para o buffet enquanto escolhiam mentalmente o que iam querer.

— Então tá... — ficou batendo os dedos sobre a mesa. — Vamos lá pegar?

Foi quando uma figura provocante chamou a atenção do rapaz. Era uma garota sentada a uma mesa não muito a frente da sua. Ela possuía olhos penetrantes, cabelos platinados com madeixas flamejantes, seios fartos e um rosto denotando por um piercing abaixo do lábio inferior. Ela o observava num tom de indagação. O ex-militar franziu o cenho, mas continuou seu caminho até o buffet enquanto se levantava.

Estava inquieta e desapontada consigo mesma por não ter conseguido acertar seu oponente mais cedo. Queria garantir a vitória certa para sua mestra. Ainda que esta fosse um tanto "ninfeta" as vezes, entendia seus motivos. A fazia lembrar como as coisas funcionavam durante a guerra, onde as orgias ocorriam a solta pelo simples e bel prazer dos soldados. Se Vreni utilizava tais meios para conseguir algo, ao menos ela estava conseguindo algo em troca de seu objetivo. Entretanto, para sua sorte, nada havia acontecido e a pequena adormecera ao lado do homem. Lancer parava alguns segundos e pensava melhor: "Sorte?" Tsc, onde está minha cabeça? Seria ciúmes? Não, não seria, ao menos não deste tipo. Lancer estava tranquila por hora, mas insatisfeita com seu potencial. Foi então que resolvera agir;

Rapidamente abriu a janela e saiu.

MDT - Louisville - Visão Geral.

Walkyria já tinha descido à algum tempo, o seu caminho foi calmo e silencioso, sendo que as burocracias a preceito do funcionamento do hotel tinham sido mais rápidas do que o que ela achava que seria. Estava sentada, distraída, enquanto admirava o recipiente com o café, que tinha nas mãos.

Já tinha ido ao buffet, tinha terminado de comer e estava apreciando o lugar um pouco mais. Realmente, ela gostava de ficar sossegada.

Enquanto estava bebericando um pouco do resto do seu café, Walkyria não deixou de se arrepiar ligeiramente de um momento para o outro. Notou um certo peso no ambiente do local e foi quando direcionou o olhar a um certo homem com traços asiático, loiro, com cabelos longos, variantes quase à cores dos seus, o seu físico era normal, mas nada que não lhe chamasse a atenção. Notou também na mulher ao lado dele, definitivamente com um corpo atraente e chamativo. Ela olhou o casal discretamente, até que estes se sentaram. Não estavam muito longe da sua mesa.

Walkyria olhou o rapaz atenta, e de certa forma, desconfiada. Havia algo nele que não batia certo. Ou que esta achava estranho. Ele era diferente, tinha algo de diferente. Sentia-o. Sem sombra de dúvida. Mas ainda estranhou. Não sabia o que era.
Notou o olhar de relance do mesmo a ela, e esta não desviou sequer a direção dos olhos. Estava demasiado apreensiva para tal.

Continuou observando o loiro enquanto bebericava o café, atenta aos movimentos dele.

— Tudo... Eu só... Deixe, não deve ser nada.

Se levantou junto a garota. Ambos foram até o buffet e começaram a seleta de gostosuras, depositando ao prato o que bem lhe agradavam. O loiro levantava o olhar a punk do outro lado da sala, e a mesma simplesmente não parava de encara-lo. Aquilo já estava ficando estranho, e muito. Ela simplesmente não desviava o olhar em momento algum, como se quisesse que Hayden soubesse que era observado assiduamente.

Ele mantinha o cenho em constante incomodo, mal dando atenção para qualquer coisa que Skylar dizia. Quando terminaram os pratos, voltaram a mesa. O rapaz tentou se focar a enfermeira, comendo um pouco e dialogando formalmente com a mesma.

— Esta gostoso? — disse, mastigando.

Se manteve quieta, observando o outro, com o coração aos pulos. Ela queria explodir. Havia algo nele que a deixava nervosa e apreensiva. Tentou relaxar um pouco na cadeira, e colocou a face da mão abaixo do queixo, afastando o café dos lábios e trincando alguns petiscos que ainda tinha na mesa.

Ela reparou que o rapaz a olhou algumas vezes, e se apercebeu que também estava ficar um pouco inquieto, mas isso, ela sabia que era pelos olhares vigilantes da mesma. Ela estava pouco se importando para que ele a percebesse, ou não.

Prestou atenção à mulher presente com ele, e aí sim, algo nela disse que havia algo de muito estranho ali. E Walkyria iria descobrir o que quer que fosse isso.

A loira se recompôs na cadeira, desta vez, mais séria. Quando sentiu o olhar dele novamente sobre ela, se arrepiou novamente, com a mesma sensação de apreensão e dúvida.
No entanto, a expressão do homem a deixou inquieta, impaciente. Ela soltou um suspiro rápido e ríspido, semicerrou o olhos, entortando ligeiramente os lábios, quase como uma negação, uma reprovação ao que ele tinha feito.

Levou as mãos à xícara e ficou rodando-a entre os dedos. De facto aquilo já estava deixá-la impaciente demais.