Visão Geral

Se sentindo insegura, mas ao mesmo tempo feliz por ter conseguido agir normalmente, ou perto disso, a mestra se permitiu abrir um pequeno e acanhado sorriso.

- Meu nome é Kristell.

Ver o pequeno se curvando a deixou ainda mais vermelha, em parte por estar tentando controlar impulsos que poderiam ser taxados como estranhos, mas que definiam um fino traço da única qualidade feminina que realmente possuía. Além disso eles aparentemente não a reconheciam como "a herdeira da família real" então talvez essa fosse sua chance de agir como uma garota comum. Ela seguiu caminhando com os dois, agora um pouco mais calma e controlada.

- Doce? A senhorita é uma profissional ou é somente para o seu filho?

Obvio que ela tinha chegado a conclusão que eles eram mãe e filho sozinha, então perguntou inocentemente enquanto olhava de relance para a morena.

A garota corou ainda mais quando a loira havia perguntado aquilo, ela não era mãe, tinha a relação protetora para o garoto, entre outras coisas, mas mãe? Será que parecia tão zelosa assim? Apesar que não se importava, porém era mais como uma irmã mais velha.

— E-ele não é m-m-meu filho... — Iria explodir a qualquer instante por tanta vergonha, a coragem se esvaia aos poucos e tentava gesticular para mudar alguma coisa, os braços em conjunto com as mãos. — E-Ele é u-um irmãozinho. — Falou fitando o chão sem saber o que faria a seguir, tinha medo por ter deixado a loira constrangida pela forma que havia se expressado e, além disso, o rosto ardia e preferiria que não a vissem daquela forma, mesmo sendo habitual em diversas situações.

Ophelia estava de costas avaliando a rota que havia no pequeno mapa do cartaz quando escutou a voz daquele que julgava ser um dos, se não mais importante, homem que fazia parte da sua vida e o sorriso da morena já aumentava a medida que tinha a certeza de que era ele que estava ali.

— Herm... — O sussurro saiu de seus lábios de uma maneira tão carinhosa, tão ingênua, como uma mulher que diz pela primeira vez o nome do amado, mesmo que essa fosse uma das milhares que ela o chamava assim, sempre teria o encanto, pelo menos aos olhos dela.

A garota deu passos tímidos até o homem, nunca teria pressa em se aproximar, sempre havia sido tudo ao tempo da mais nova, afinal, como ele mesmo dizia: "Passaremos nossa eternidade juntos, não há motivos para pressa." Esperou paciente a sua vez para receber atenção. Ophelia sempre afirmava que nunca quebraria o elo entre os irmãos por motivos que julgava inúteis como o ciumes e a possessividade, mesmo que odiasse quando algumas mulheres apareciam para "conversar" com ele. Ao ver que este estava livre se aproximou corando um pouco e roubou um suave toque de lábios, conhecido como selinho.

— Olá ... — Se separou dele ainda com o leve rubor e logo se separou do calor dos braços do amado para ir em direção a garota que haviam conhecido. — Herm essa é Kristell, nossa nova... hm... amiga? — Ficou em duvida ao que falava para apresentar e a encarou mordendo o lábio inferior pela dúvida, talvez não devesse ter falado tão intimamente, só talvez.

Ela observava a morena com um sorriso sutil nos lábios, imaginando que se tivesse uma irmã mais velha, seria tratada assim, afinal só conhecia a frieza calculista de seu irmão o que acabou lhe influenciando. Não havia mal em escapar de sua dura realidade um pouco, não é? A resposta veio com uma homem alto de cabelos longos e morenos, e mesmo que para a maioria não parecesse, ela percebeu pela pausa que sua presença era um tanto quanto indesejada. A troca de afeto foi o bastante para tirar a dúvida e então fazer o sorriso da loira murchar. Aquela não era sua realidade. Sua vida não tinha aquele calor.

- Meu nome é Kristell.

Ela curvou sutilmente o corpo como sempre fazia em situações diplomáticas ou parecidas, seu corpo já assumindo uma postura mais rígida e cuidadosa, assim como sua expressão demonstrava neutralidade.

- Faço parte da família real, me mudei temporariamente e enquanto andava pela cidade Ophelia me pediu ajuda, no entanto não fui de muita utilidade.

Um sorriso extremamente profissional e fraco despontou em seus lábios, no fundo estava sendo egoísta e sabia disso, do contrario já teria se retirado o mais rápido possível. Era isso, com um simples olhar por alguns segundos qualquer um poderia ver, a aura fria e melancólica de Kristell jamais se misturaria naquele cenário.

O local estava um tanto quanto movimentado, movimentado até demais, assim por dizer, mas mesmo assim, ignorou e seguiu para a sede.

Ophelia analisou a expressão da garota e instintivamente ela a abraçou, não sabia o motivo, mas o desejo de abraça-la havia sido grande demais para que tentasse controlar, mas não parava por ali, assim que aconchegou a garota em seus braços ela fez um breve carinho em sua cabeça, como uma irmãnzona, uma mãe, uma amiga em consolo.

— Quer comer um pedaço de bolo? Será por conta da casa. — Se separou antes de falar e após deu um enorme sorriso de incentivo para que a loira aceitasse o convite sem nem ao menos pensar ou questionar.

Cruz:

Parou um pouco antes da casa do Renard, descendo e pegando todas as compras. Assim que desceu, olhou para Gustaf, dando um sorriso meio torto.

- Então, valeu a companhia cara, mas, agora vou ficar bem, pode ir procurar aquele... outro cara.

Fez uma cara meio confusa na última parte mas acabou acenando e se afastando, indo em direção da casa com as compras.

-> Casa do Renard

-x-

Renard:

Notou o movimento do lugar e ficou suavemente confuso. Parecia que tinha alguém meio desconfortável ali. Até pensou em se aproximar, mas, como se tratava de um casal que tinha ali, aparentemente, decidiu deixa-los a vontade. Observou Johan ir para casa conforme procurou um lugar mais tranquilo.

Se recostou na parede próxima e tirou um cigarro do casaco, puxando junto um isqueiro. Estava tenso por conta de toda a situação que iria enfrentar, e ainda precisava arranjar suas armas. Acendeu o cigarro e puxou um pouco, liberando a fumaça calmamente.
Não entendia bem por que apreciava aquilo. Na realidade, nem gostava desse hábito, mas, chegou num ponto que era mais forte do que ele.

"Cruz, preciso que me arranje informação de onde posso conseguir armas" Mandou a mensagem pelo psiquismo para seu servente, aguardando a resposta.

Sabia que podia se virar bem sem celular, mas talvez fosse precisar para poupar mana. Deu mais uma tragada. (Psiquismo Rank E -5 MP)

Uma pequena e breve risada escapou ao ver a postura do homem para consigo, mas ela nem teve tempo de reagir, pois sentiu os braços de Ophelia envolverem seu corpo no abraço mais apertado que já recebeu em sua vida. Ao ver o sorriso ela confirmou que a jovem era diferente de todos ali e se a convidava não era uma etiqueta mascarada, mas sim um pedido sincero. Mais uma vez ela se sentiu inquieta e um leve rubor tomou conta de seu rosto, para logo em seguida ela balançar positivamente a cabeça.

- Se não for muito incomodo, aceitarei o convite. Além disso o Sr. Losstarot parece realmente interessado em conversar.

Ela com certeza tinha sentido certa agressividade medida na investida do rapaz, mas não se deixaria afetar ou demonstraria, aquela era sua habilidade mais forte. Ela virou o rosto para o jovem loiro que até então estava silencioso e observador, demonstrando um fino sorriso.

- Então ele é seu irmão, não é? Sinto muito por ter confundido, realmente achei que eram mãe e filho.

Ao menos a forma como agiam era o mais próximo que conseguia imaginar que uma família normal poderia ser, sem jantares separados ou diálogos curtos entregues como recado por empregados.

O grito a seguir lhe causou um leve tremor, e ela se deu conta que não se lembrava da última vez que se assustou. Ela observou com calma o cena do homem em seu próprio mundo, seguido por um pedido, ou ordem que era o que parecia. Um fraco calor ainda permanecia nas pontas de seus dedos, onde havia tocado na lateral do corpo de Ophelia, mas não demorou muito para este se esvair.

"Você não é uma criança normal, nunca será. Faz parte de um sacrifício maior, não existe liberdade para você."

Uma melancolia que a muito tempo não sentia refletiu em sua expressão, tornando-a mais velha do que realmente parecia, um sorriso fraco e desalinhado, o reflexo de sua alma. No entanto, ela tratou de recompor a compostura e arrumar o quepe em sua cabeça.

- Não será necessário, Sr. Losstarot, será muito bem vindo ao castelo, todos serão. Mas no momento eu tenho coisas a fazer.

Andando lenta e cautelosamente na direção do moreno sem demonstrar qualquer insatisfação, ela tocou em seu peito e um sorriso travesso apareceu. "O Sr. não é muito discreto, pois não? Quando quiser me encontrar, é só me chamar." [-60 MP] Adicionando-o a sua 'linha de comunicação particular' ela lhe deu as costas rapidamente e se afastou. Virou o rosto o suficiente para que pudesse encarar Ophelia, fazendo um pequeno cumprimento com o quepe.

- Deixarei o doce para outra hora, Srta. Ophelia. Nós veremos de novo.

[Segue para Torre Dom]

Ophelia, com o grito de Herm, deu um pulo para trás pelo susto e o olhar, o último antes de se virar para o amado, caiu sobre a nova amizade e o peito da morena se apertou ao ver tamanho sofrimento em apenas um olhar, desejava conforta-la, desejava dizer que ficaria bem, mas no momento estava perdida demais com o grito, atordoada, desolada, não sabia o que fazer, se sentia como uma criança sendo punida violentamente por fazer algo que não era perigoso, não aos olhos dela, contudo ao olhar para Herm os olhos da garota já estavam cheios de água, não se seguraria, não aguentaria segurar tamanho arrependimento por fazer aquilo daquela forma, porém era assim que seu coração desejava e ela fazia apenas aquilo que ele solicitava, no momento tudo que queria era correr, entretanto se perdeu nos olhos de Herm, se perdeu no olhar de preocupação que exalava em cada movimento e tudo o que fez foi chorar, chorar como uma criança, sem segurar uma lagrima, um sentimento, nada.  

— M-me perdoe... E-Eu não q-queria te dei-deixar pre-preocupado... Ela só me olhou com o mesmo olhar... — A voz foi morrendo dando lugar a soluços. — Me des-desculpa, p-p-por favor, m-me perdoa, H-H-Herm. — Apesar do desejo de andar não conseguia então penas ficou ali o encarando enquanto lagrimas desciam em sua face.

Ophelia fechou os olhos sentindo o toque do amado, aquilo a anestesiava em momentos de angustia, e aproveitou enquanto ele limpava suas lagrimas que caiam como pequenas e finas gotas de chuva por seu rosto, quando sentiu que o choro já havia cessado colocou a mão por cima da dele abrindo, enfim, os olhos para encara-lo com uma ternura que apenas ele havia visto, aquele carinho era somente para ele, o amor dela era somente dele.

— Eu.. Eu estou bem, não posso prometer que não farei isso de novo... — Falou dando um sorriso de lado acariciando o rosto do homem. — Mas prometo que tomarei cuidado, na minha maneira, mas tomarei. — O abraçou por alguns segundos e logo estava normal, ou quase, novamente. — E eu também amo você, Losstarot. Nunca duvide disso, em hipótese alguma. — Se aproximou para beija-lo, dessa vez algo mais intenso que um selinho, mas ainda sim breve, afinal Syo esperava-os no carro.

A morena sorriu enquanto ia para o carro, agora em paz com seu amado, tentaria não ser tão descuidada, mas tinha certeza que quando visse alguém que precisasse de ajuda não pensaria duas vezes para ajudar.

— Vamos. — Entrou no carro e se sentou de frente para Syo ao lado de Losstarot. — Pelo visto a compra de ingredientes será adiada... — Fez um pseudo bico e depois negou — Acho que dá para fazer os doces com o que temos em casa.

Depois de tanto tempo, seu cigarro já tinha apagado.

Apenas ficou ali, olhando as pessoas passaram sem animo para levantar para ir para a loja, mas, eventualmente precisava sair dali.

Com um resmungo baixo, começou a andar e chamou um táxi. Entrou nele, indicando onde queria ir. Por que? Não era tão jovem mais para ficar andando pra cima e para baixo que nem um maluco.

-> Wapen Winkel - Loja de Armas

A garota passou por ali sem nem ao menos olhar para trás, precisava do irmão, precisava encontra-lo, o único lugar que pensou que poderia encontra-lo foi em sua casa e logo rumou para o local.

> Visão Geral Domplein

Cruz:

Passou por ali resmungando baixo enquanto passava a mão no pescoço, meio tenso ainda pelo o que aconteceu a pouco.

-> Domplein - Visão Geral