ST. Louis - Visão Geral

Por um momento, nem noto que Sena estaria falando comigo, pegando só a última parte do que ele tinha dito, respondo:

— Não sei... — digo, confusa — Deixo você escolher desta vez — sorri, dando em seguida uma curta risada.

— Hmm... Que tal... Você escolher pra mim? — falei, parando de andar e encarando Sena nos seus olhos — Uma dica: eu gosto de coisas frias — sussurrei e pisquei para ele, colocando a mão no bolso da jeans e então me virei para ver a calçada através dos vidros da patisserie.

Puxei uma cadeira para me sentar, depois de ter olhado por um bom tempo a calçada. Em seguida, olhei para todos aqueles doces à minha frente. Não sei o que são essas coisas, mas à primeira vista, todos eles pareciam deliciosos. Peguei uma colher e provei primeiro o cheesecake, de primeira, o gosto foi estranho, meio azedo, amargo, mas na segunda colherada o gosto se harmonizou, principalmente quando se junta com o morango. Ignorei os outros tipos de tortas/doces que estavam ali, irei primeiro terminar o cheesecake.

Fiquei em silêncio até terminar o cheesecake, iria, no máximo, responder as perguntas de Sena.

Assenti com o que ele dizia, enquanto pegava a outra torta de brownie que havia sobrado. Comi ela, também sem pressa, assim como antes e depois peguei um pedaço de pudim, para experimentar. De longe, o pudim era o mais doce, mas não sei dizer qual é o mais gostoso. Depois de terminar o brownie e dar algumas colheradas no pudim, peguei uma lata de refrigerante e a abri, tomando com calma – e canudinho –, esperando por Sena.

Termino meu refrigerante e sigo até o lado de Sena.

— Aonde vamos agora? — perguntei, olhando para ele.

Eu olho para o relógio para confirmar a hora e depois volto meu olhar para Weiss.

"Está vendo aquele arranha-céu imenso? Aquele é o Sun PLAZA e é pra lá que nós vamos agora. Fique por perto para não acabar se perdendo."

Eu vou com Weiss até o Sun PLAZA, sempre mantendo o olho para que ela não se distancie muito.

— Okay — respondi, encarando o prédio.

Continuei como antes, olhando tudo em volta e as vezes se afastando um pouco mais do que deveria, fazendo com que eu tivesse que aumentar a velocidade dos passos pra voltar a acompanhar Sena.

Sigo Sena, dessa vez, prestando mais atenção no caminho. O lugar já não parecia tão novo e começava a parecer enjoante.

Deixou de lado a conversa por alguns instantes, acabando por voltar a atenção para os carros que iam passando e também para os prédios que começavam a ficar cada vez mais altos e esbeltos conforme iam se aproximando do destino. Também aumentava o fluxo de pessoas. Era de tarde, havia gente saindo e entrando de lojas, carregando sacolas, homens de terno e gravata passando carregando bolsas, até um vendedor ambulante que quase chocou-se contra ela em meio a sua distração chamada “percepção de mundo”. Parecia que estava com a mente o mais distante possível, mas a verdade é que sua concentração não estava falha, deixou isso evidente quando se proclamou para seu mestre.

- Então, onde estamos indo?

Graças a seu colete preto a mancha de sangue ficava bem disfarçada, logo, não chamava tanta atenção das pessoas que passavam, felizmente também em St.Louis ele não se destacava como em Brockwood, então era tranquilo para ele andar por lá mesmo com o grande fluxo de pessoas. Ao ouvi-la falar, continuou andando, porem mais lento para que ela ficasse mais perto e conseguisse ouvir melhor no meio da gritaria.

-Faremos um trabalho pra um cara importante, mas dependendo de como aconteçam as coisas...

Ele não continuou a falar, apenas seguindo seu caminho até o lugar indicado por Cid, que por sinal era bem complicadinho de encontrar no meio de tanta movimentação.

O número 303 era um grande prédio com vários apartamentos. Assim que o encontraram, não foi difícil encontrar o numero 25, que estava com a porta aberta.

Ao chegar na frente do prédio e ver o número, ele parou bruscamente, quase se chocando com um senhor que caminhava atrás dele que por sinal saiu andando e o xingando. Sem dar muita bola para o que o velho dizia, o albino murmurou para seu servo.

-Chegamos.

Antes de continuar a falar, deu mais uma golada no whisky em sua mão direita e o jogou ainda pela metade na lixeira da entrada do prédio. Ele já estava levemente embriagado e seu corpo estava um pouco dormente, o frio já não parecia mais incômodo.

-Vamos ver o que me espera dessa vez.

Entrou no prédio, porém ao chegar no número 25, bateu na madeira do lado de fora.

-Alguém aí? ~O tom de voz era desconfiado~

Um homem mal encarado abriu a porta com a mão no bolso, mas, se reparasse bem, veria que ele segurava uma arma. Ele se aproximou do rapaz e disse, em um tom de voz baixo:

- Você é o cara do Cid, né? Ele falou que o albino estaria aqui. Não podemos entrar lá, tem umas coisas que cê num pode ver, mas seguinte. Preciso de tu em Brockwood. A gente foi na casa do tira, ele não tava lá. O nome dele é Maycon Clinton, a gente precisa descobrir o hotel que ele ficou. Sabe o hotel de Brockwood? É pra lá que tu segue. Procure por ele, aquele lugar tá caindo aos pedaços e... - parou de falar enquanto uma pessoa passava, e logo retornou. - Toma cuidado. Se achar o maluco, liga pra esse numero.

O rapaz entregou-o um papel.

Ele ficou muito puto, estava querendo rasgar a cara daquele empregado na porrada. Mas não, ele só revirou os olhos e deu as costas sem pegar o papel.

-Foda-se, eu to com sono, tomei uma facada e esse cara fica me mandado pra lá e pra cá. Eu moro em brockwood, vou é virar assaltante.

Saiu andando, porém prestando atenção pra ver se aquele cara não reagiria mal.

Tinha o semblante apático mais uma vez, que se manteve em boa parte do tempo da caminhada, até mesmo no momento da explicação vinda dele. Chegaram ao lugar que deviam, acabou por ficar ao lado dele, olhando para o nada, mas ouvindo o que boa parte das vozes falavam na rua. Após a batida dele, acabou dispersando a atenção mesmo sem querer com a sua fala.
- Parece-me que a guerra começaste fervorosa.
Era pura dedução, afinal de contas, não tinha prova nenhuma de que os incidentes que as pessoas estavam comentando no seu caminho até ali tinham sequer uma relação com a guerra do Graal, porém, eram chances em potencial, dignas de nota. Sua frase aleatória veio acompanhada da sua espera durante a breve conversa do mestre com o outro homem. Conhecia um pouco mais de seu mestre a cada momento, ele parecia irritado. Não sabia as condições exatas dele, mas retrucou a afirmação.
- Se tomar de uma atitude injusta, sofrerás da minha ira.

O homem apenas sorriu e fechou a porta. De dentro, podia ser ouvido:

- Eu disse que o rapaz ia vacilar! O Cid tem que parar de trazer esses moleques pra cá.

O papel havia ficado no chão.

Aquele certamente era o local mais diferenciado da cidade: O movimento constante de pessoas, o barulho, lojas... Era um lugar perfeito para se perder nos mais diversos aspectos, mas nada tão grandioso assim que retirasse seu foco. Talvez, fosse um ótimo playground se não estivesse em guerra. Depois do que causou, havia revisto totalmente suas prioridades e se tinha um jeito que não iria mais agir era com irresponsabilidade. Não era momento. Embora ainda tivesse dúvidas sobre as intenções de Legião para com a família - Nada que comprometesse sua lealdade-. Ael não se importava com glória, fortuna ou poder: O sentimento de salvar a família crescia mais forte que esse "maldito" status e agora, até mesmo que o seu desejo egoísta de liberdade.

Livre, ela estava mais presa aos Estus.

Passou um certo tempo ali, ouvindo conversas. Comentavam coisas sobre o ocorrido em Hermelin - Nada que não soubesse-; Outros comentários eram mais fúteis e ignoráveis, com exceção dos que informavam sobre pontos turísticos, rotas de fulga... "Espera... Rotas de fulga?!" - Permaneceu atenta ao assunto, parecia algo relacionado ao roubo a banco que aconteceu há pouco, então, decidiu retornar ao "passeio".

Rumou para brockwood.

O albino estava cansado, seu corpo quente e sua ferida ardia, só queria mesmo era voltar pra casa e mandar o Cid tomar no cu, mas esse era apenas um momento de fúria e ele não se deixaria levar por tal coisa. Pra falar a verdade, pegar ou não pegar aquele papel não faria diferença, a final ele é tão pobre que nem ao menos tem um celular.

-Vamos pra casa, lá eu vou te dar um curso de como entender ironias.

Esfregou os olhos com os dedos enquanto respondia sua serva, estava desgastado e seu humor estava meio alterado. Deu um tapinha nas costas dela e seguiu para brockwood sem nem ao menos imaginar que alguém da família Estus já sabia de sua situação na guerra.