Visão Geral

— Sim, Scilla. — Aproximei meu rosto do dela, minha respiração descompassada. — Nós vamos permanecer juntos. — Disse, agora já mais tranquilo. Não sabia ao certo se havia passado uma grande vergonha em expor minhas emoções dessa forma ou se havia conseguido a empatia das duas.

Eu preferia simplesmente não me preocupar com aquilo. Inclinei-me e apoiei meu queixo delicadamente sobre o ombro direito de Scilla. Com minha mão direita, enxuguei parte das lágrimas que jaziam sobre meu rosto enquanto regularizava o rítimo de minha respiração.

Com ambos no fundo e ela na frente, mesmo sem ver a cena ela imaginava como poderiam estar e isso a deixou ainda mais acanhada do que o abraço do irmão. Um bico se formou em seu lábios e ela saiu correndo desajeitadamente assim que a porta abriu. Como o apartamento ficava perto eles não a perderiam de vista, além disso ela abriu a porta com um estrondo enquanto tentava acalmar a respiração e esconder a vermelhidão excessiva no rosto.

- Che-Chegamos!

Me levantei para receber eles.

— Olá, quanto tempo! — exclamei, feliz em vê-la a salvo.

Revirando os olhos novamente para o arqueiro e lhe mostrando a língua quando deu as costas, Kristell ainda tentava esconder a vergonha estampada na cara enquanto arrumava o rabo de cavalo.

Embora olheiras profundas contornassem seus olhos e que sua roupa estivessem um pouco gastas, ela ainda se sentia obrigada a ter a melhor aparência possível. Ouvir a voz reconhecida chamou sua atenção e estampou um sorriso aliviado e animado nos lábios.

- Egbert! Fico realmente feliz em vê-lo bem.

- Sentiu o coração descompassando por um segundo com aquela aproximação, mas, logo o rosto dele tomou outro rumo, para seu ombro. Suspirou e passou a mão nos seus cabelos, sentindo como estavam curtos agora de volta, dando um pequeno sorriso com aquilo.

Ao chegar no andar seguiu junto com eles, olhando ao redor um pouco sem jeito, vendo a forma que a cunhada agia, acabou dando um sorriso sem graça para o servo com o arco, mas, ele parecia estar concentrado demais com outra coisa... Suspirou, fechando a porta com cuidado depois que Rayst passasse. -

- Uhm... É um lugar... Bem localizado... - Olhou para Egbert e acenou com a cabeça. - Olá, lembro de você, mas, acho que não fomos devidamente apresentados... Uhm, sou Scilla, noiva do Rayst.

Meu sorriso se abriu intensamente quando esta sorriu para mim.

— Você não imagina quanto estou feliz em vê-la sem nenhum ferimento — falei, agradecendo a Deus em seguida, baixinho, pois isso irritava algumas pessoas e eu não queria verificar se ela era uma delas. Assim que Rayst e Scilla entraram no quarto, olhei para eles e os recebi com um "Bem-vindos!" e em seguida apontando e saindo da frente do sofá, indicando que eles poderiam sentar — Olá, Scilla, me chamo Egbert, quer que eu verifique se há algo para beber? — a respondi, olhando em seus olhos.

Sentei-me no sofá ao lado de Scilla, mas estava agitado demais para ficar ali parado. Levantei-me dali e caminhei até a janela, de onde tomei visão do confronto que ocorria. Cogitei a utilização de um selo de comando e, nesse instante, meu olho esquerdo radiou intensamente... mas desisti. Seria uma atitude um tanto quanto egoísta; sujaria a honra daquele rei e, além disso, demonstraria grande falta fé nas habilidades de Saber.

"Pois bem. Sua atitude está correta, Saber...
destrua-o da mesma forma que ele fez com a vida de todos esses inocentes!"

Kristell fez um " V " com os dedos em direção a Egbert, ainda sorrindo abertamente. Ela tirou o pesado rifle de suas costas e seguiu até a janela em que o irmão estava, posicionando o rifle ali sem que o incomodasse.

- Você deveria descansar.

Arrumou a cadeira para poder retornar a olhar pela mira da arma.

- Scilla vai surtar se desmaiar. De novo. Eu vou ficar bem, Egbert é uma boa companhia diferente daquele bundão do Archer. Ele nem beija bem.

Murmurou a última parte pra si mesma, concentrada em procurar algum inimigo.

Tabatha, repousando em seu quarto, ouviu mais barulho do que queria. Suspirou de sua cama e colocou fones de ouvido, mandando seu servo (não nesse sentido) checar o que estava acontecendo.
Kaul saiu do quarto com cabeça baixa, indo então até a sala verificar.
Ao olhar para todos no cômodo arrumou os óculos e sentiu que seu um metro e sessenta tinha perdido seu um metro. Desde quando tantas pessoas chegaram ali...? Tabatha não gostaria de saber. Ah, mas não gostaria mesmo.

─ C-Com licença... A madame Tabatha pediu para que dissessem quem são... ─ murmurou, sem coragem para tomar uma voz em meio a todos ali. Estava tão vermelho quanto suas cicatrizes, escondidas pelo casaco que usava.

Fiquei com medo do que poderia acontecer entre Kristel e o Archer, comecei a esticar a mão, receoso, tremendo um pouco.

— G-ge-gente, não briguem! — falei, um pouco mais alto e notei o servo de Tabatha chegar. Olhei para ele com um olhar convidativo e apresentei a mim e a Archer, sem revelar a sua identidade, claro.

- Não, obrigada. - Respondeu a Egbert.

- Sorriu calmamente, se sentando no sofá enquanto observava-os agindo. Mas, ainda se sentia inquieta, olhando ao redor enquanto respirava fundo.

Não sabia se era por conta de toda aquela violência que presenciou, mas, sentia-se... Exposta demais. Todos reunidos daquela forma, mesmo que num apartamento fechado como aquele... Além de ainda estarem relativamente próximos daquele monstro, era fácil para ele se movimentar e destruir tudo ali, e não achava que teriam a mesma facilidade para escaparem.

Se levantou, sentia-se cansada, mas, queria poder falar aquilo.

Entretanto, antes de se manifestar, olhou a pequena confusão que acontecia, ficando um tanto perdida sobre o que fazer até abaixar a cabeça e suspirar, desanimada. Afinal, era um ser humano comum diante deles.

Notou a aproximação do homem e se virou para ele, oferecendo um gentil sorriso... Espera, Tabatha? Não, não podia ser a mesma. -

- U-Uhm... Me chamo Scilla, peço desculpas por termos chegado dessa forma. Vim junto com Rayst e Kristell Van Alten.

Seu olhar estreitou na direção do arqueiro, em sua mente ela havia encontrado incontáveis formas de tortura-lo, mas manteve-se parada no mesmo lugar. Deu um sorriso calmo para Egbert e se levantou.

- Eu nunca faria tal coisa. Talvez ele precise do rifle como precisou da mana e do dinheiro. No final ele é sempre dependente de mim, como um filho.

Deu de ombros, prestes a dar um passo em sua direção quando sua vista perdeu o foco, fazendo-a cair de joelhos no chão.

Logo que Kristell caiu, corri até ela, para tentar ajuda-la.

— Você está bem? — perguntei, enquanto ajudava-a levantar — Acho que você deveria descansar mesmo... — terminei, um pouco receoso de que ela se sentiria ofendida com isso.

Kaul agradeceu a Egbert por apresentar todos com uma reverência,  arrumando seu óculos a cada gesto, nervoso.
─ W-Waaah! ─ expressou quando viu Kristell cair, tentando ir até ela oferecer ajuda quando Archer o empurrou, indo para o quarto de Tabatha.
...
Teve dó dele. Bastante. Mas se recompôs e foi prestar assistência à Kristell.
─ Está bem, moça? Aceita um copo d'água ou algo?

~
No quarto onde Tabatha repousava com seus fones, a porta foi aberta violentamente. Ela abriu os olhos e se sentou na cama, olhando para o loiro.
─ Quem você pensa que é para invadir o meu quarto, do apartamento que eu cedi com minha influência a ti?! ─ 'tava puta. Se levantou da cama e peitou o servo... Literalmente. ─ Escuta aqui, seu mal agradecido do caralho, é melhor se desculpar agora. Ser bonito não te dá vantagem alguma aqui. ─ 'tava bem puta, mas não evitava. Gostava de homens de cabelo claro. ─ Meu cão faz isso porque o pago pra isso: com prazer. Eu não sou do tipo estúpido que luta quando se tem poder o suficiente para ter pessoas que o façam.

Deu um sorriso fraco para ambos, tentando manter-se de pé sozinha. Suas bochechas estavam vermelhas pela vergonha, mas no fundo agradeceu pelo arqueiro não ter visto, mais uma provocação e a loira enfiaria o rifle na bunda dele com armadura e tudo.

- Obrigada, só preciso descansar. Não quero causar problemas.

Cursou ligeiramente a cabeça para o criado enquanto se apoiava discretamente em Egbert. Esperou que o outro saísse até finalmente soltar um suspiro cansado.

- Eu... Sinto muito incomodar, mas poderia me ajudar? Parece que minhas forças acabaram, hahaha...

Ela se segurava para não ter mais um ataque de frustração, afinal a serva não estava ali para consola-la. Estava cansada e se sentia humilhada pelo servo, sua vontade era de chorar, mas daria esse gosto.

Meu sorriso nunca saia de meu rosto e ela convincente o bastante para que pudesse acalma-la o máximo possível, mesmo ainda estando muito preocupado com ela.

— Claro, claro, vamos até o outro quarto, você precisa muito descansar — falei e então comecei a ajuda-la a ir até um dos quartos livres e enfim a deitando na cama com o maior cuidado possível — Se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar — falei, enquanto passava pela porta do quarto.

Por um momento se sentiu culpada. Egbert sempre a ajudava e de certa forma, acalmava. Mesmo assim pensava de forma egoísta e mimada. O observava passar pela porta enquanto tentava pensar em algo para dizer.

- Espera!

Engoliu em seco e desviou o olhar,torcendo para que a escuridão escondesse o constrangimento estampado em seu rosto.

- Eu fui muito estúpida com você no Castelo, naquele dia... E-Eu... Desculpe, não foi minha intenção. É obrigada por sempre me ajudar. Hm. Eu estou realmente feliz por você estar bem.

— Não se preocupe com isso, não fiquei nada magoado! — falei, enquanto a encarava. Na verdade tinha ficado muito magoado por ter sido expulso daquele jeito, mas aquele não era um momento para se falar isso – e provavelmente nunca terá um momento –, tinha que deixa-la o mais feliz possível, se não eu não seria feliz, assim como ela. Ainda ajudei ela a sentar na cama e em seguida puxei uma cadeira para sentar à sua frente.

Cruz:

Correu para lá, respirando fundo e olhou ao redor. Se tivesse com o calculo certo, em breve ele iria passar por ali. Se abaixou, entregando o notebook para o golemzinho.

- Escuta 02. - Murmurou para ele. - Se alguma coisa acontecer comigo, quando passar um cara muito alto aqui com duas pessoas, vai atrás dele e entrega isso, ok? Se esconde.

Dito isso, o golemzinho correu em direção de um beco e se escondeu ali no escuro. Ficou aguardando.

MDT - Apartamento

MDT -Zeis