Sede dos Sacropugno

Paro de encara-la e passo a olhar para frente, minhas asas se fecham ao redor de meu corpo, escondendo-o totalmente, apenas meu rosto ficava descoberto, minha expressão agora estava neutra e meu olhar sombrio.

- Se sabia que daria trabalho, por que me invocou? Não existe diversos outros servos por ai que adorariam ser invocados? -Ando até a porta e paro nela. - Caso não saiba meu nome, ele é ......, minha adorável mestra Izabella. - Viro para a garota e sorrio. - Gosto da pronuncia de seu nome, é algo um tanto bom.

Estendo a mão para ela, afinal, devemos ir atrás do garoto idiota que causou toda aquela confusão.

- Vamos, Dominae meae Izabella?

Segurou a mão estendida e se levantou, limpando a calça em seguida.

-Porque eu era a única na organização que era compatível. Hm.

Antes de seguir ela olhou seu servo da cabeça aos pés, ele certamente chamaria atenção, era algo indiscutível.

-Acho melhor ficar em espirito por enquanto, ou até chegarmos no hotel em que ficaremos. Lá pensamos melhor no assunto.

Sem esperar a resposta e esperando ser seguida, a maga seguiu direto para a biblioteca, já voltando a pensar no estranho comportamento do jovem mago.

Já farta de tanto andar, Izabella abriu a porta da biblioteca e olhou ao redor. Ela poderia não saber o que aconteceu com o rapaz, mas ao menos sabia que seria mais fácil lidar com aquela personalidade um tanto parecida com a sua, só que bem mais explosiva.

-Miyamoto! Vamos indo!

Paro atrás da garota e a olho.

- Essa aparência está boa para você?

-Hotel, como minha, err... casa fica na sede, eu precisei alugar um quarto. Algum problema para você?

Ao ouvir a voz do servo, a maga virou para trás e quase falhou em manter a expressão neutra. O demônio de antes agora era um homem que aparentava ter uns vinte e poucos anos, ainda era alto, mas de forma bem mais discreta, talvez um metro e setenta. Seus cabelos eram castanhos e impecavelmente cortados, os olhos eram iguais ao dela, rubros e frio.

-Você poderia se passar... -Ao reparar no que ia dizer, o sarcasmo foi embora e o restante da frase saiu amargurada e até um pouco magoada.- ...por meu irmão. Bom trabalho.

Voltando sua atenção a Miyamoto, ela fez um sinal com a cabeça para chama-lo.

-Como eu só aluguei um quarto, você ficará comigo, se não se importar.

*O Mago então finalmente estava de volta a sua "casa" junto a Maga, parecia que estava em clima de enterro, algo que de fato era, sendo difícil aceitar tudo o que houve ou tudo o que fez, seguindo até seu quarto sem cumprimentar ninguém, ignorando tudo e todos por não estar disposto a conversar, entrando sem precisar destrancar a porta, indo mais adentro e a deitando ali sem se importar se ela havia acordado no processo, não estava afim de retrucar ou ouvir reclamações, só a deixou ali e se sentou em uma cadeira, levando a mão ao rosto*

Foi ignorada. Completamente ignorada, na cara dura, sem dó nem piedade. Com aquilo o mago estava definitivamente em sua lista negra, não se importaria se o servo da noite anterior o tivesse estuprado com o sabre de luz magico.

-Certo. Você pode ficar ai, eu vou atrás daquele dois.

Levantando um pouco desajeitada, pois ainda estava tonta por ter acabado de acordar, Izabella arrumou suas roupas e endireitou o cabelo, fazendo uma nota mental de passar em seu próprio quarto antes.

-Com isso seguimos o plano original, cada um se vira.

*Miyamoto mantinha sua pequena depressão, só ouvindo o que ela tinha a dizer, não queria ouvir, tão pouco bater boca, mas deixa-la ir sozinha seria bem problemático, ainda mais depois de tudo que havia dito para Masanori*

-Isa...

*Não demorou para ele pega-la na mão para impedi-la de sair, usando novamente de sua força superior a dela, algo que ainda se mantinha no ápice devido a nenhum dos NP terem sido cancelados, ambos invocados, embora um estivesse bem longe dali atualmente, mas ainda assim, não foi um ato que a causasse dor*

-Você não está em condições para enfrentar aqueles dois...

Reparando em sua atitude, a maga ergueu a mão livre em um gesto de desistência. Estava realmente confusa quanto ao comportamento dele, não era boa com essas coisas ainda mais com uma bipolaridade forte daquelas.

-Eu só vou tomar banho.

Estava mais relaxada para tentar transmitir confiança, sabia que não era boa em mentiras, ainda mais quando se tratava de uma pessoa que se lembrava do seu antigo eu.

-Tomar banho comigo?! Ficou louco?

Talvez por ter tomado consciência de sua presença quando era menor, Izabella tornou-se mais fraca em relação ao rapaz, o que a irritava ainda mais, como se já não bastasse seu comportamento oscilando com frequência.

-De jeito nenhum. Fica. Seja um bom garoto e... só... fique!

Ansiosa para se afastar, ela começou a andar rápido pelos corredores, chegando a quase correr. Em sua cabeça estava ecoando o quanto deveria deixar de agir feito uma idiota, que sua irmã já havia morrido e que vingança era algo que nunca a recompensaria. Mas tudo era eliminado pelo rosto sem vida de sua irmã, o que lhe embrulhava o estomago e arrancava uma expressão de dor.

-Ah sim, conheço bem seu senso de privacidade.

Não conseguiu conter o sorriso sarcástico, afinal aparentemente ele não se lembrava do ocorrido no hotel. Tudo que sabia é que ele tinha dois extremos de personalidade e pelo visto um não se lembrava muito bem do que o outro fazia. Ela fez uma nota mental: Poderia se aproveitar disso.

Finalmente chegando em seu quarto, ela abriu a porta e foi direto em seu guarda roupa. O quarto era extremamente simples, uma cama de solteiro, um guarda roupa pequeno e uma escrivaninha onde tinha papeis jogados por todo lado. Só. Tal quarto poderia muito bem ser confundido com o de um homem, se não fosse o sutiã jogado na cama. Ela correu para pega-lo e enfiar dentro do guarda roupa, se perguntando se era mesmo tão relaxada quanto parecia.

-Bem, sinta-se em casa. Mas saiba que se tocar na minhas roupas, eu mato.

Pegando uma muda qualquer de roupa, a maga seguiu para o pequeno banheiro. O frio da roupa não a incomodava, mas a sujeira estava insuportável e ela quase podia sentir o cheiro dos cadáveres em si, o que a fez pensar sobre a noite anterior. Eram três duvidas: Quem era aquele homem no hotel, qual sentia que conhecia? O que aconteceu com Miyamoto para ele ficar tão instável? E onde diabos estava seu servo?

Irritado. Estava extremamente irritado. Não queria sob hipótese alguma retornar para aquele local, mas sua mestre devia ter um bom motivo para estar ali. Ainda se encontrava voando nos céus e apenas observando o lugar, não queria entrar ali, mas não tinha escolhas. Desceu dos céus a toda velocidade, desmaterializando-se e passando pelas paredes para e vendo todas aquelas pessoas, ainda os mataria, assim que sua mestre realmente o libera-se para tal, continuava indo em direção a onde achava que a garota estava. Depois de uns instantes, passou por uma parede e viu Miyamoto lá, irritou-se mais ainda, detestava-o, no momento que sua mestre decidi-se que ele não era mais importante e não tivesse uso algum, o mataria da maneira mais dolorosa o possível para o rapaz, o sangue quente dele jorrando deve ser uma vista muito bela de se ver. Adentrou mais ainda o quarto, passando pela parede do banheiro e assim que estava lá dentro se materializou em sua forma humana, sem suas asas, estava cansado, mas precisava ver se aquela irritante estava realmente bem.

- Dominae meae... - Disse em um sussurro para que apenas ela o escuta-se, aproximou-se da garota.- Você está bem pequena mestra? Se machucou? Aquele bastardo a levou muito rapidamente, tive que ficar lá mais um pouco e me livrar daquele outro servo antes de vir a seu encontro... - Deu um pequeno sorriso para a garota.

Estava próximo da garota, mas se afastaria se assim ela manda-se.

Ouvir a voz de seu servo, mesmo que já tivesse se habituado a ela, fez com que Izabella desse um pulo para trás e batesse com a cabeça na parede do banheiro, acompanhado de um grito fino demais para seu normal. Segurando com as duas mãos a parte de trás da cabeça, ela se agachou e mergulhou o rosto entre suas pernas, berrando xingamentos em alto e bom tom.

-Caster, quer me matar de susto?

Erguendo o rosto para visualizar o servo e se certificar que estava tudo bem, afinal ficou preocupada com o que pudesse ter acontecido, tinha certeza que morto ele não estava, pois do contrario os seus selos teriam desaparecido, mas nunca se sabe. Sentindo a dor diminuir, ela se levantou e retornou a se concentrar em retirar o sabão do corpo.

-Eu estou bem, fique tranquilo. Preciso que me faça um favor, nas próximas horas quero que permaneça em espirito e se recupere o máximo que puder. Também pegarei algo para que possa comer. Iremos enfrentar aquele dois amanha.

Conforme falava, ela desligava o chuveiro e puxava uma toalha branca para se enrolar, sem se importar com o cabelo grudado nos ombros e pescoço.

-Aquele mestre me passa uma sensação estranha e seu servo também não era muito comum. Temo que a classe...

Ela roía a unha, presa em pensamentos e construções de estrategias, precisava focar na guerra e era isso que faria. Começaria eliminando aquele servo.

Achou graça com o susto da garota mas se preocupou quando ela bateu a cabeça, se aproximou um pouco, mas preferiu ficar parado para o caso dela se zangar. Assim que ela levantou e terminou seu banho, ele se aproximou da garota e criou uma outra toalha e com ela foi até a garota, pois as mãos no ombro da garota e fez ela se sentar na tampa da privada, começou a enxugar os cabelos da garota.

- Dominae meae, minha forma espiritual não me regenera em nada, não sinto nenhuma recuperação naquela forma. - Observava a garota enquanto continuava a secar tranquilamente os cabelos dela.- Você é uma bela moça, tem um corpo bonito e atraente, seus cabelos são sedosos e sua pele é macia e possui um bom aroma. -Da um pequeno sorriso para ela.

- Cas... Caster... Hey Caster!

Pegando a toalha de suas mãos e jogando em seu rosto de como que só lhe cobrisse os olhos e não o machucasse, ela se levantou e ficou de frente para o pequeno espelho. Pensou nos elogios que ele havia acabado de proferir, sua descrição exata e talvez um pouco endeusada demais.

A sua imagem logo foi substituída por de sua irmã, a mesma da visão anterior. O simples lampejo do sangue fez sua mão tremer, fazendo com que a levantasse e desse um soco no vidro. O espelho quebrou, fazendo com que sua mão sangrasse. Seu rosto se contorceu em dor, mas ela não soltou um som sequer, apenas um suspiro longo. Gesticulando com a mão boa para o servo, ela pegou a muda de roupas e saiu do banheiro.

-Você ainda está ai?

Jogando as roupas com força no guarda roupa, ela encarou a única peça que havia evitado desde que ganhara de seu bem feitor. Nunca a usaria em dias normais. Aquele era um caso especial. Totalmente especial.

-ARGH!

Retirando um vestido branco carregado de rendas e babados, ela sentiu o rosto esquentar como nunca.

Atônita. Era assim que sempre se sentia nos últimos dias. Tudo saia de seu controle e ela seguia por um caminho totalmente desconhecido, sem planejamento algum. A sua vida foi toda planejada perfeitamente, cada minuto e segundo tinham um objetivo. Mas não. Depois de invocar seu servo, nada saiu do jeito que queria.

-O QUE DIABOS...?!

Seu pescoço agora também estava quente, sentir a toalha voar de seu corpo e logo depois o vestido escorregar por seu corpo foi uma sensação da qual gostaria de não ter conhecido. O cabelo ainda estava grudado em seu corpo, somente algumas poucas mechas caiam em seu rosto.

-Ca... Caster... Eu fico demasiadamente agradecida por suas palavras, embora sejam um pouco tardias e... fora de hora. Você tem me servido muito bem, garanto que nosso desejo será realizado.

Engolindo a amargura que as lembranças lhe proporcionavam, e se perguntando quanto tempo levaria para esquece-las novamente, ela se dirigiu em direção ao banheiro tendo em vista que seu ferimento poderia sujar seu vestido. Dando de cara um Miyamoto... estranho.

-O que foi? Você queria conversar e até agora não deu um piu.