Sede dos Sacropugno

-Ah, eles te deram aulas sobre isso? O inocente Kagut não é mais tão inocente assim?

Sua risada agora era mais natural, talvez porque no fundo tivesse medo de qualquer intimidade, fruto de seu trauma com a irmã. Só que Miyamoto não parecia ser do tipo que a usaria, ele sempre foi uma pessoa exemplar e o fato de permanecer gentil durante todos esses anos era prova disso.

-Hm, para você está mesmo tudo bem? Afinal parece que você é do tipo "só depois do casamento com minha amada esposa", ou algo assim.

Vê-lo próximo assim já não a incomodava tanto, pois o episódio no hotel tirou qualquer possibilidade de surpresa ou reação impulsiva, era como se seu corpo ja tivesse estranhamente acostumado com a presença do rapaz.

Ver que o rapaz levava suas provocações a sério a divertia. Ela falava sério quando disse que em suas missões, uma ou outra, ela precisou flertar com homens para poder alcançar seu objetivo, mas fazer isso com um amigo de infância era algo novo e divertido.

-Heh, se você está dizendo, Miya.

Levando as mãos até sua nuca, ela uniu os próprios lábios gélidos aos dele. Por mais que ele tivesse tomado banho com água fria, ela ainda podia sentir o calor de seu corpo. Seus lábios não eram exceção, a troca de temperatura era quase dolorosa, como da última vez, mas era uma dor com a qual ela poderia lidar. Lentamente seus dedos se entrelaçavam em seus cabelos castanhos, puxando-o um pouco mais para perto de si, seu corpo sempre esteve gelado, como se tivesse morrido naquele dia, mas desta vez ela ansiava por calor.

Sentir seus lábios serem puxados fez com que seu coração acelerasse ainda mais, consequentemente com que ela apertasse um pouco mais os fios de cabelo e os puxasse.

-Você até que aprende rápido.

Levando os próprios lábios até o pescoço de Miyamoto e os roçando ali, Izabella desceu as mãos pelos ombros e peitoral do rapaz, arranhando levemente por cima da roupa até chegar no abdômen. Logo depois mordeu o pescoço, com força o suficiente para deixar uma pequena marca. Afastando o rosto para admirar seu trabalho, e torcendo o nariz para tal, ela percorreu os músculos de seu abdômen com a ponta dos dedos.

-Hm, falta alguma coisa...

Voltando a pressionar os lábios contra seu pescoço, ela depositou um chupão ao lado da marca recente. A visão do roxo junto com a marcas de seus dentes despertou uma satisfação pessoal que a incitou de modo que seu corpo se contorceu discretamente.

Me levantava aos poucos, ainda com sono, eu realmente estava cansado, voar era cansativo, assim que abro meus olhos passo a observar o quarto, reparo em duas pessoas uma em cima da outra na cama praticamente se comendo vivos, falto um engolir o outro. Me levantei me apoiando no canto, mas devido a leve tontura que senti por ter dormido tanto, escorreguei e caí no chão, nem sequer consegui gemer com a dor do tombo, tudo em mim estava dormente, então só me encostei na parede novamente.

- Que cena bonita... Esperaram eu dormir ao menos. -Falo com uma voz rouca e alta, meu olhar estava pouco amistoso para os dois.

A voz de seu servo fez com que seus movimentos travassem. Ela se sentiu constrangida como nunca, mas procurou agir com naturalidade, imitando o que Miyamoto havia lhe falado mais cedo.

-Caster, não entenda errado, Miyamoto precisava repor mana e...

Parou de tentar, estava se sentindo uma completa idiota por ser pega naquela situação. Talvez mais idiota ainda por essa ser a segunda vez que era interrompida, sua sorte estava realmente falhando com ela nos últimos dias.

- Quanto a isso, não entendo nada errado, por saber quem sou você já deveria saber que não me engano em nada que penso. - Minha voz saia irritada, senti que a tontura e a dormência já haviam passado, fui me levantando devagar para o caso dela voltar, peguei o travesseiro e joguei na cabeça do rapaz. [sem força e nem para causar dano, logo sem rolagem de dados para acerto ou dano]- Fique com o travesseiro, vão precisar dele. - Caminhei até a porta do quarto da garota e a abri.- Não se preocupe, ninguém mais irá interromper vocês. - Caminhei para fora fechando a porta atrás de mim.

Estava andando sem rumo por aquele local, não conhecia nada ali fora que isso já o irritava, aquele local o irritava, aquelas pessoas o irritavam, aquela garota o irritava, aquele rapaz o fazia ter vontade de dá-lo pro seu cachorro comer. Por que estava tão irritado? Não sabia dizer. Materializou dois x-bacon dentro de uma sacola, pegou um e começou a comer ainda andando, estava procurando um lugar vazio e logo o achou, entro no local e trancou a porta atrás de si, pegou o segundo lanche e começou a comê-lo, realmente gostava de bacon, alguns minutos depois já tinha terminado o mesmo. Andou até o canto mais escuro do pequeno quarto que ele estava e jogou a coberta ali, deitando em seguida. Odiava profundamente aquele local, iria incinerá-lo assim que possível.

Ali estava, era o mesmo Miyamoto do hotel. Ela não sabia qual preferia, agressividade lhe parecia mais familiar que a gentileza, mas estaria mentindo se dissesse que não ficou decepcionada por ter deixado de liderar.

Ao ver seu sorriso, um alerta acendeu eu seu peito, fazendo-a reprimir o impulso de afasta-lo. Aquele não era um sorriso amigável, na verdade era um perigoso, até demais. Ter o pescoço brutalmente mordido apenas confirmou o que sentiu, emitindo um gemido de dor e agarrando a camisa nas costas do rapaz, ela contraiu o corpo. A dor não era nada demais, esteve em batalhas que lhe renderam ferimentos piores, no entanto ele a pegou de surpresa.

A dor logo foi diminuindo quando ele chupou seu machucado, junto as caricias em seu corpo. Arfando por ter prendido a respiração por mais tempo que deveria,ela semicerrou os olhos para Miyamoto.

-Te ensinaram isso também? Quase posso ver "Como ser 'O cara' na cama: Parte I".

Bufou para demonstrar que aquilo não foi nada, que não se sentiu afetada pela dor, mesmo que seu pescoço ainda estivesse latejando. Com a unha do dedo indicador, ela percorreu as marcas deixadas no pescoço dele, fazendo questão de aplicar força o suficiente só para acaricia-lo.

-Vou encarar isso como um troco. Agora...

Entrelaçando habilmente as pernas ao redor do seu corpo e puxando-o para deitar-se na cama, Trinity sentou em seu colo e passou a mão no ferimento, qual ainda sangrava um pouco. Vendo a mão suja de sangue, ela deixou um falso suspiro de decepção, usando a mesma mão para contornar os lábios dele.

-O que devo fazer para te punir?

O gemido baixo que escapou de seus lábios era muito diferente do anterior, essa era mais sensual e demonstrava que as caricias a agradavam até demais. Sua fala apenas confirmou que ele já estava totalmente entregue, pois seu medo era de ser rejeitada e perder mais um elo de seu passado.

O calor que ele emanava já a fazia transpirar, o que a motivou de endireitar a coluna e puxar o vestido de uma vez, jogando-o sem o menor cuidado ao lado da cama. Recompondo a expressão, ela sorriu com diversão pela cena dele preso entre suas pernas.

-Pra que tanto pano? Sinceramente, que problemático...

Mesmo que o rosto de Miyamoto estivesse mais maduro do que em suas memórias, a visão ainda a deixava com um aperto no coração. Sentia falta dele e nem sabia. Pois certamente mexeram com sua cabeça.

-Miya.

Voltando a se aproximar dele e pressionando os seios contra seu corpo, ela uniu os lábios mais uma vez, forçando a entrada de sua língua. Suas mãos seguraram seu rosto de forma delicada, como se pudesse quebra-lo.

A essa altura seu corpo todo estava sensível ao toque de Miyamoto, onde a pele dele encostava na sua, um calor crescente se espalhava e se transformava em pequenas ondas de prazer. Isso só a incentivava ainda mais em puxa-lo para si, usando a língua para explorar sua boca até que ambos estivessem arfando. Fazendo uma trilha de beijos até sua orelha, ela roçava lentamente os lábios para depois sussurrar com uma voz rouca e baixa.

-Acho que é um bom começo para sua punição.

Uma risada quase imperceptível fez seu corpo se mexer. Ela não estava deitada, seus joelhos estavam estrategicamente apoiados ao lado das pernas do rapaz. De fato aquela posição lhe era um pouco incomoda já que sua coluna ficava um pouco torta, mas as reações de Miyamoto lhe eram divertidas por demais para deixar com que isso a incomodasse.

Me levanto rapidamente e me desmaterializo, indo pra fora da sede da sacro pugno em direção a Brockwood.

Ter a posição trocada tão facilmente quase lhe arrancou todo o ar que restava em seus pulmões. Seu peito descia e subia numa velocidade anormal, e só piorou quando Miyamoto retirou seu sutiã, deixando-a quase completamente nua. O rubor foi inevitável, mesmo que quisesse manter sua pose a vergonha lhe consumia, afinal aquela ainda era a primeira vez que ficava nua na frente de um homem.

-Heh, você também não ficou para trás.

Os músculos do rapaz eram ainda mais desenvolvidos do que ela pensava, podia-se perceber que ele treinava arduamente seu corpo, opção não muito comum para magos, que normalmente colocavam seus esforços em magia e somente isso. Senti-lo tocar seus seios cada vez mais intimamente fez com que ela mordesse os próprios lábios para não deixar um ruído sequer escapar, pois não queria dar o braço a torcer.

-Acha mesmo que eu contaria algo assim para você? Você está uns cem anos atrasados, Miya.

Ao sentir os dedos em sua intimidade, seu corpo voltou a se contorcer quase dolorosamente enquanto ela voltava a morder os lábios com força o suficiente para faze-los sangrar. O gosto metálico fez com que entreabrisse a boca o suficiente para arfar.

-Que tal mais ação e menos papo? Veja, você não gosta do meu sangue? Deveria parar de falar e limpar meu ferimento.

Não era só porque estava em desvantagem que precisava deixa-lo ciente de tal, conseguiu se recompor e voltar com suas provocações de sempre, conseguindo até sorrir para desafia-lo.

Estar tão vulnerável a irritava, mesmo que tivesse o conforto de ser ele quem a via assim, seu ego estava ferido e ela daria o troco. Ou achou que assim seria. Sentir as caricias se intensificando cada vez mais fez com que um gemido alto escapasse, deixando-a assusta e envergonhada. Lembrar do que Miyamoto tinha dito só serviu para deixar sua face ainda mais rubra, mas ela decidiu focar em tampar a boca com ambas as mãos. Realmente, se fossem descobertos a situação ficaria complicada. Como se eles tivessem moral para acusa-los de alguma coisa.

Sua vontade era de responder a altura, mas sabia que se o fizesse poderia só piorar para seu lado. Além disso seu corpo tremia de prazer, sua mente estava completamente em branco para conseguir produzir uma resposta decente. Levando as mãos até as costas do rapaz e usando as unhas para marca-lo profundamente, ela soltou um suspiro mesclado com uma pequena risada. Não se renderia.

Ao acordar, Izabella sentiu o corpo pesado e um pouco dolorido e como sua vontade de abrir os olhos era zero, ela permaneceu por um longo tempo apenas de olhos fechados. Quando finalmente tomou coragem para sentar na cama, soltou um suspiro de cansaço e bocejou.

-Que horas são?

Procurando por um relógio, ela se deparou com o corpo do amigo estirado ao seu lado na cama, que apesar de ser maior que a maioria das camas de solteiro ainda era bem estreita, adormecido. As lembranças da noite anterior lhe vieram como um tapa na cara, fazendo até mesmo que seu rosto virasse para o outro lado, e ela ficou estática enquanto o encarava com uma emoção que não conseguia definir.

-Merda.

Era a única coisa que conseguiu falar ou fazer.

*O corpo recusava qualquer ação ruim perante a si, logo, a dor e ardência dos arranhões que tinha sobre si acabava sendo ignorada, o permitindo dormir bem por horas e acordar como se nada tivesse acontecido, abrindo os olhos e encarando a parede, levando a mão ao rosto enquanto olhava entre os dedos*

-Ótima.

Sua boca estava seca, mas ainda assim ela conseguiu umedecer os lábios e se levantar da cama. Esticando bem os braços e sentindo o corpo estalar, ela deu um passo a frente antes de gemer de dor. Pelo visto estiveram tão concentrados no que estavam fazendo que se esqueceram de um detalhe.

-Sério, você me curou e esqueceu do pescoço?

O local pelo visto não sangrava mais, no entanto ainda estava bastante dolorido e provavelmente roxo. Indisposta para dar mais atenção aquilo e preocupada com o sumiço do servo, ela prosseguiu para o próprio guarda roupa.

Com uma sobrancelha arqueada, ela apoiou o corpo no armário, achando divertido de visualizar a cena completa. Realmente ele tinha marcas por todo o corpo, mas ela sabia que todas ficariam muito bem escondidas por conta das trocentas toneladas de roupa que ele usava.

-Quer mesmo falar de justiça? Logo comigo?

Revirando os olhos dramaticamente e com um meio sorrio, ela se virou para vasculhar o armário em busca de uma peça de roupa que escondesse a marca, ficando satisfeita ao encontrar uma camisa de gola alta.