Libraire Divine

Encarando o Servo na porta, o brilho dourado foi diminuindo até restar apenas um ao lado de sua cabeça.

- Quando terminar a ligação avise. Mesmo que sua falta de educação ao atender esse aparelho na minha presença possa ser levada em consideração, sua calma diante de mim lhe dá o respeito para que eu tolere uma atitude tão irresponsável.

O loiro voltava a sorrir, diferentemente da fúria que expressou há pouco

Acabou suspirando aliviada quando Assassin foi se sentar na porta, mas, sabia que não era exatamente bom atender aquilo na frente de outra pessoa daquela forma, na realidade, era uma falta de educação com qualquer pessoa.

Acenou com a cabeça para o vendedor, dando um sorriso meio sem jeito e voltou a ligação. Suspirando enquanto fechava os olhos.

- Sim. Saber, Nuada. Archer, Zahhak. Lancer, Tsukuyomi. - Inclinou a cabeça de leve em direção do telefone, olhando para o lado. - Espero um bônus.

Em parte não gostava daquilo tudo, apertou o punho livre quando o peso da sua honra passou pela sua mente. Fechou os olhos e suspirou, deixando-os cerrados em seguida.

*Ao ter as informações para si e já sabendo as classes, acabou ficando impressionado por até mesmo houver menções de nomes, mas faltava um... o Assassino, mas levando em conta que ela conseguiu todos exceto o Rider, acabou sentindo uma imensa gratificação e claro, iria recompensa-la devidamente por isso*

-Terá seu bônus, muito bem, você foi bem melhor do que eu esperava, e embora seja de meu interesse saber deste homem a sua frente, você é valiosa demais para arriscar a vida, então encerramos por aqui, até outro dia, Uriel. -O homem de voz alterada desligou e como já era de se esperar seu numero desconhecido desaparecia da lista da garota como se nunca tivesse existido, deixando sequer nenhum vestígio.

Feita a ligação, suspirou, guardando o celular. Suas mãos tremiam de leve por conta da tensão da situação, entretanto, precisava se acalmar. Não podia aparentar estar tão nervosa. Passou a mão no rosto, respirou fundo e então abriu os olhos, cantarolou um pouco, lentamente sentindo seu corpo acalmando um pouco até pelo menos notar que estava mais calma.

Passou a mão na nuca e mexeu a cabeça, inclinando-a enquanto massageava suavemente e então se virou para o loiro, dando um sorriso doce de volta como anteriormente.

- Perdão por isso, meio que estava aguardando essa ligação e eu também não sou boa em lidar com situações tensas. - Deu um pequeno risinho, passando a mão na nuca de volta. - Ginseng não é mesmo? Apesar de entender bem sobre história, não sou boa com ervas.

Uruk sorriu para Uriel de forma diferente desta vez. Parecia haver verdadeira felicidade em seu rosto.

- Sim, Ginseng. Vou lhe trazer uma cadeira, aguarde só um instante.

Alguns minutos depois, o homem voltou com uma cadeira finamente adornada em uma das mãos e uma bandeja com um bule de chá e xícaras na outra.

- Espero que eu não tenha lhe assustado, acontece que eu realmente odeio ser interrompido quando estou dialogando com alguém.

Dizendo isso, Uruk deixava a cadeira para Uriel sentar e servia o chá.

- O chá é especialmente bom para os nervos e para o coração. Mas então Senhorita Uriel, minha outra pergunta permanece de pé. Embora eu tenha tido tempo para pensar, imagino que um desconto de 20% a cada quatro visitas no seu café seja algo produtivo. Podemos até fazer uma cartela que caso ele complete uma semana de idas ganhe um desconto de 50% em qualquer livro. O que acha?

O ar ficava mais leve conforme ele falava e pouco a pouco o nervosismo de Uriel ia se esvaindo.

Se sentiu um tanto perdida quando o homem saiu e foi buscar a cadeira. Respirou fundo, passando a mão na testa de volta e olhou para onde seu servo estaria. Caramba, que situação... Quando o loiro voltou, tornou a sorrir e acenou positivamente com a cabeça.

- Tudo bem, consigo compreender perfeitamente seu desgosto em ser interrompido. - Notou a cadeira e se sentou, sentindo o rosto suavemente quente. - É meio estranho ser servida quando estou acostumada a servir.

Deu mais um risinho e tornou a atenção para a explicação, coçando o queixo enquanto absorvia as informações. Certamente poderia considerar colocar uma carta de chás no seu café, apesar que precisava analisar o custo que isso traria. Pegou a xícara, quase sem querer exalando toda sua educação naquele momento enquanto cruzava as pernas e ficava com a postura perfeitamente ajeitada, segurando a xícara com ambas as mãos, sorvendo um pequeno gole, afastando e sentindo em seguida o cheiro, tudo de olhos fechados para enfim os abrir.

- Sim, é um bom chá. - Tornou a sorrir, apreciando o calor da bebida e voltou a atenção para ele, pousou a xícara na perna e segurou o queixo com a mão esquerda. - Uhm... Sim, eu poderia fazer uma cartela de um mês inteiro, assim já daria para manter uma visão boa se o cliente visitou o café a semana inteira, mas, não sei se seria realmente justo nesse sistema... Ainda sim, fazer algo com sete entradas no qual permitem carimbar, colocando um prazo limite de validade para quele cartão para ser utilizado... Traria bons lucros para nós dois.

Era bom que o ar estivesse mais suave de volta. Definitivamente, se sentia bem mais relaxada.

Quando o loiro se retirou brevemente da sala Assassin havia enviado mentalmente uma mensagem 

- CORRE RÁPIDO ANTES QUE ELE VOL---tarde demais.

Assassin ainda estava insatisfeito com o que havia ocorrido, e não pelo motivo simples de que quase morreu - e ele tinha total certeza de que foi salvo pela sua mestra - mas pelo simples motivo de que não conseguia compreender os objetivos daquele homem.

"Mas é fato que talvez eu tenha me precipitado, ele ainda não havia apresentado risco real a Uriel-dono......uhmn......talvez num momento futuro eu deva me desculpar....agora....ele citou que era um Rei....."

Mais uma vez sentiu orgulho de sua mestra, ela possuia julgamento rápido e conseguia se adaptar rapidamente as diversas situações.

"Isso pode trazer belos frutos"

Assassin apresentava agora um olhar calmo, fechou os olhos e passou a meditar.

- Sim, cartelas com validades de um mês são bastante interessantes. E preencher com sete visitas também é algo interessante, dessa forma você estará promovendo a minha livraria. - Disse Uruk sorrindo enquanto degustava seu chá

- Tem mais alguma coisa que queira perguntar? Eu posso colocar até mesmo cartazes da sua cafeteria por aqui.

Uruk indagava Uriel com tamanha inocência que era difícil associar ele a figura furiosa de instantes atrás.

- Se você colocar cartazes da minha cafeteria, eu me sentiria na obrigação de colocar também cartazes da sua livraria na minha cafeteria. - Acenou com a cabeça com certa energia, sorrindo calmamente enquanto tomava mais um gole. - Uhm, por falar em cartaz, daria para tentar fazer algo já colocando a questão da parceria, acredito que seria bem interessante, sabe, colocar no cartaz sobre as cartelas e tudo mais.

Concluiu com um sorriso. Certamente apreciava o ar tranquilo daquela conversa, e o chá a fazia sentir ainda mais em "divida" com aquele rapaz. Acabou olhando para o lado de fora e notou o entardecer, soerguendo as sobrancelhas.

- Nossa, o tempo passou rápido. - Voltou a olhar para o loiro, dando um risinho. - Vou me certificar de trazer bolo da próxima vez que vier aqui, tem algum sabor que prefira? Ah, e eu também tenho alguns livros que gostaria de levar...

Provavelmente aquele homem seria capaz de presumir do por que e que tipo de assunto ela gostaria dos livros pelo o que ela falou no telefone, mas decidiu aguardar agora.

Sorriu para ela, de uma forma carinhosa que perturbava até mesmo o Assassin.

- Eu particularmente gosto de torta de baunilha. Quanto as cartazes, providenciarei algo para ambos, prometo que será luxoso. - Dizendo isso o homem levantou e começou a guardar o conjunto de chá.

- Você pode pegar qualquer livro que quiser, desde que me informe qual e traga eles em menos de 24 horas. - O ar ficou levemente pesado, mas comparado com antes ainda era leve.

- Eu gosto que minhas posses sejam muito bem tratadas. Mas é claro, se você quiser comprar os livros, não há mal algum... - Disse em meio a uma risada.

Uruk rapidamente virou-se para o homem na porta da loja por um momento e depois para Uriel.

- Peça desculpas ao seu amigo, talvez ele tenha ficado assustado. Mas também peço que em uma próxima ocasião você também cuide para que ele não cometa outro erro. Detesto dizer, mas você seria punida por tal ato.

Deu mais um riso com a parte do luxuoso e em outro lado se sentia meio desconfortável de deixar aquela pequena louça para o rapaz. Acenou positivamente com a cabeça quanto ao empréstimo dos livros.

- Eu vou pegar emprestado, assim também é sua garantia que retornarei com a torta. - Olhou para o lado conforme se levantava, segurando o queixo. - A não ser que eu seja atropelada por um cachorro ou então um disco brilhante voador, o que nos dias de hoje parece ser bem provável.

Acabou suspirando e passou a mão na nuca, olhando para onde Assassin estava.

- É um dever de um mestre cuidar de seu servo; se ele se comportar mal, e o mestre não o puna diante de tal ato, é lógico que o mestre há de ser punido pela transgressão. - Apenas quis mostrar que havia entendido os termos do homem. - Quanto aos livros, não se preocupe, sou extremamente cuidadosa.

Colocou as mãos na cintura, soltando um sorriso suavemente confiante, seguindo para as estantes e procurou rapidamente três depois de um tempo foi até o balcão, deixando-os ali enquanto aguardava Uruk para mostrar quais livros estaria tomando.

- Tudo bem Senhorita Uriel. Aguardarei por sua Torta pacientemente... E diga a pessoa no telefone que se ela quiser saber sobre mim, ficarei feliz em negar tal informação.

Havia um sorriso malicioso naquele homem enquanto ele indicava a saída para Uriel.

- Tenha um bom dia...

Passou a mão na nuca um pouco sem jeito quanto a pessoa do telefone.

- Honestamente eu nem sei quem era... - Guardou com cuidado os livros na bolsa, e, diga-se de passagem, era grande. - Tenha um bom dia.

Se retirou acenando enquanto sorria. Sabia que Assassin a seguiria enquanto desmaterializado, entretanto havia um problema naquela hora, mas, iria primeiro sair da loja.

-> Visão Geral

A medida que se aproximava, estava pensando como poderia se referir. Quer dizer, podia tentar fazer alguma surpresa? Ou talvez estava pensando demais como costumava fazer? Odiava aquilo, podia parar de fazer perguntas, por que não parava?

Parou pouco antes de chegar na loja, respirando fundo. Se acalme, Uriel, se. A. Cal. Me.
Sei que você gosta de agir de maneira meiga, ainda mais por conta do seu trabalho de maid, mas, tente não ficar dando brecha desse jeito, você mal conhece o cara, seja durona.
Espera, durona?
Mas, durona como?
Quer dizer, ele poderia ter me matado.
...Uriel, isso é preocupante.

- Mrrrgggh... - Deu um tapa no seu rosto para recuperar os pensamentos e enfim voltou a andar, abrindo a porta da loja e já procurando o loiro. - Com licença?

A livraria estava vazia, como sempre, sem nenhum sinal aparente do loiro.

- Ué.

Entrou devagar, olhando ao redor. Se sentia meio desconfortável de ficar andando tão livremente daquela forma.

- Erm... Uruk?

Quando Uriel chamou, ela pode ouvir o som de uma estante caindo.

- Estou aqui... no fundo da loja... - A voz Uruk vinha abafada e logo após ele falar, o som de livros sendo derrubados ficou bastante evidente

- Eita!

Deixou a torta em cima do balcão e apressou de imediato, procurando o que estava acontecendo ou a origem do barulho todo.

- Ta tudo bem?!

Uriel podia notar Uruk, soterrado por uma pilha de livros e uma estante tombada.

- Está... Eu só esbarrei nela quando ouvi você chamar...

Enquanto falava, o loiro saía dos "escombros" com certa dificuldade.

- Não esperava você a essa hora...

- Eeerrrm...

Definitivamente não tinha como explicar.
Melhor não tentar.

Imediatamente se apressou em começar a tirar os livros para então estender a mão, oferecendo uma ajuda para que levantasse.

- Você estava procurando alguma coisa nessa estante..?

Com a ajuda de Uriel, Uruk conseguiu se livrar da pilha de livros, sorrindo para ela começou a falar.

- Um cliente havia pedido um livro sobre a Escandinávia, a sorte que eu já havia separado e colocado junto com as encomendas. - Suspirou o loiro enquanto olhava para a pilha de livros

- Bem, você pode esperar lá na frente se quiser. Eu arrumo isto aqui em cinco minutos e já te atendo.

-... Tem certeza que não quer ajuda com isso?

Olhou para a pilha de livros, um tanto atordoada. Quer dizer, aqueles eram o das encomendas ou talvez eram outros da estante..?

- Uhm, bem, tudo bem.

Foi para a parte da frente da livraria de volta, aguardando.

Passado algum tempo, o loiro caminhou até a frente da loja, carregando uma pilha de livros, que deixou sobre o balcão

- Bem, agora sim podemos ter um pouco de educação. - Disse sorrindo. - Bom dia Senhorita Uriel, em que posso ajudar?

Observou ele trazendo os livros. Até que, para uma livraria geralmente vazia, ele tinha bastante coisa para fazer. Era admirável.

Lembrou-se em seguida da carta que havia recebido assim como o que o loiro havia dito quando ameaçou seu servo, o "rei". Tinha diversas perguntas em mente, mas, sabia que não iria conseguir tirar nada.

Por isso, apenas sorriu e pegou os livros da bolsa.

- Bem, vim devolver seus livros. E, tenho uma pergunta. - Sua face ficou brevemente séria. - Você já ouviu falar de uma criatura de gelo? Quer dizer, não como golens, mas, talvez uma que tivesse aparência de mulher e uma habilidade com gelo... Impressionante.

O semblante do loiro passou de sorridente para sério conforme Uriel falava.

- Quanto aos livros, agradeço o cuidado. Quanto a pergunta, além de dizer que não. Devo indagar o motivo pelo qual você questiona tal coisa.

Uruk cruzava os braços, encarando Uriel com um semblante sério.