Libraire Divine

Suspirou, procurando relaxar os ombros, mas, se sentia meio nervosa de o encarar com uma face tão séria. Deu um sorriso meio nervoso, olhando pro lado.

- Beeem... Eu ando meio entediada, já que a guerra parece estar meio... Parada, eu decidi explorar a cidade um pouco para entender algumas coisas que estão acontecendo. - Deu um riso nervoso, seu rosto ficando corado conforme ficava nervosa. - E... Bem, acabei encontrando uma mulher nesse sentido, mas...

Lentamente seu sorriso diminuiu conforme voltava a pensar sobre o assunto. Conforme voltava a pensar que parou no meio da corrida para avisar a igreja sobre aquele perigo.

- Ela... Apesar de tudo, eu não sei o que pensar... Eu comecei conversando com ela do jeito errado, por isso, não consigo mais descobrir sobre sua verdadeira natureza... - Suspirou, lentamente transparecendo seus sentimentos conflituosos. - Pensei em correr para avisar a Igreja, mas...

"Mas..."... Essa era a parte que não conseguia entender. Sua face ficou tensa e logo um sorriso nervoso surgiu de volta no canto da sua boca, conforme olhava para baixo e passava a mão no rosto.

- Eu não entendo. Eu quero entender. - Ergueu o olhar para o loiro. - Mais ou menos isso.

O semblante de Uruk mudou.


- Guerra? Que Guerra senhorita Uriel?


O tom de voz frio e sério de Uruk começou a incomodar.

...Arregalou os olhos.

Acabou falando demais.

Se tentasse fugir agora, estaria perdida.
Tentaria mentir?
Se mentisse seria pior.
Mas, mas...

- Uhmmm.... - Sua face estava um pouco pálida, o sorriso nervoso formou no seu rosto. - A-Ahh...

Acabou assumindo informações demais. Assumiu que, por conta da forma que ele falou com Assassin, como ele se comportou quando este surgiu...

O que faria..?

Seu coração estava acelerado, podia escutar as batidas cardíacas. As suas mãos ficaram geladas e sentia um pequeno suor saindo delas. Estava sem seu servo ali, abriu sua guarda demais.

Não havia tomado cuidado. E pra variar, estava ficando desesperada.

Por que estava se lembrando dos lobos do inverno naquele momento?

Notando que estava a tempo demais sem falar nada - isso sendo por conta do fato que havia parado de respirar naquele momento -, inspirou profundamente, fechando os olhos e tentando se acalmar. Se abraçou em seguida, apertando os braços para tentar controlar o tremor.
Precisava se controlar, era capaz de fazer isso...

- A... Gue-Guerra... - Queria contar, realmente queria, mas... Acabou dando um sorriso meio nervoso. - Be-Bem... Ultimamente a cidade anda muito perigosa, não acha? Tem aquele terrorista e minha loja havia sido invadida por ele... Isso sem contar aquelas aparições estranhas de disco voador e as explosões... Não faz lembrar uma guerra..?

Apesar de ter se esforçado no tom neutro, estava nervosa e sentia os olhos lacrimejando, já que era simplesmente horrível em lidar com momentos sob pressão, ainda mais aquele olhar.

Mantendo o mesmo tom de antes e o olhar sério, o loiro simplesmente fechou os olhos e começou a discursar.

- Entenda bem Uriel. Existe uma coisa extremamente ruim de se fazer diante da realeza. E isso é ofender a inteligência do soberano...

Uma breve pausa enquanto ele deu um passo na direção dela e abriu os olhos, encarando-a da mesma forma que ele fitou o Assassin em seu último encontro.

- Você tem apenas uma única chance de explicar o motivo pelo qual uma pessoa como você está envolvida naquela maldita disputa de algo que sequer pertence a seus participantes...

Novamente o loiro deu mais um passo na direção dela.

- E justificar o motivo pelo qual você vem perguntar, ao verdadeiro dono daquela relíquia, coisas sobre essa disputa mesquinha.

O mesmo brilho dourado se repetiu, encobrindo totalmente a Livraria e circulando Uriel.

Ok, ela literalmente se encolheu.
Não queria ser vista daquela forma. Realmente não queria.

Acabou cobrindo a cabeça com as mãos e se inclinou para frente, literalmente num pequeno ato inconsciente.

- Eu... Eu..!

Não.
Se iria entregar o jogo e se fosse morrer, pelo menos iria fazer com o peito erguido.
Por isso, apesar de literalmente estar enfim chorando, acabou erguendo o peito e respirou fundo. Suas mãos tremiam, mas, procurava se conter.

- Eu... Fui adotada na família Einzbern. - Enfim falou, quase como se tirasse um peso do seu ombro, mas, imediatamente olhou para o lado. - Eu... Não tenho um desejo, apenas... Estou sendo a arma deles. Quanto a pergunta da mulher, não está nada relacionado com a guerra...

Respirou fundo mais uma vez e passou as costas da mão nos olhos, olhando-o de volta, tentando transparecer algum tipo de força, mas mesmo assim lágrimas corriam.

- Eu sou Uriel Von Einzbern.

Não sabia o que esperar, por isso, apenas fechou os olhos e até mesmo esperou pela dor lancinante.
Talvez até mesmo esperasse por isso? Ansiasse por isso?

- Eu fui usada pelos Einzbern desde que fui adotada para aprimorar minhas habilidades para entrar na guerra, isso é tudo o que eu significo.

Não era? Era só isso, não era?

O brilho dourado diminuiu até restar apenas um ao lado da cabeça de Uruk.

- Uma arma? Se você é uma arma para eles, significa que você deriva de meu tesouro. Logo, você é minha posse.

Uma risada leve podia ser ouvida por Uriel.

- Vou lhe dar uma oportunidade. Somente mais uma oportunidade. - Disse o Loiro enquanto olhava para a torta sobre o balcão.

- Vamos comer aquela iguaria enquanto degustamos um pouco de chá de maçã com camomila. Assim você pode começar a secar essa lágrimas e me explicar toda história. - O último brilho dourado se apagava.

- Eu mesmo irei determinar se você possui ou não algum desejo.

Ao ouvir aquelas palavras, Uriel arregalou os olhos, literalmente boquiaberta sem saber como reagir.

É
O
Q

Ficou ainda em choque enquanto ainda tentava processar aquelas palavras. Havia realmente escutado direito aquilo tudo..? Bem, havia lhe dito que tinha mais uma oportunidade, então, não havia realmente motivo para manter-se... Com medo? Bem, não podia mentir agora.

Ironicamente, apesar das lágrimas mudas terem deslizado até agora, a partir do momento que entendeu e processou que a situação "acalmou", Uriel enfim soluçou, cobrindo o rosto enquanto se virava de costas.
Realmente odiava sua face chorosa.

- Si-Sim... - Sua voz saiu abafada e meio distorcida pelos soluços.

Demorou alguns segundos para lentamente se acalmar, pegando um lenço da sua bolsa e limpou seu rosto, dobrando-o com cuidado para então em seguida pegar uma garrafa de água que costumava carregar ali, bebendo alguns goles para engolir junto o choro.
Algumas lágrimas insistentes ainda desceram, mas, agora, no exato momento...

Apenas se abaixou e tentou respirar fundo.
Forçadamente se acalmava.

Estava viva.

- Agora Uriel, tranque a porta da livraria e coloque a placa de almoço que se encontra ao lado da entrada. Prepare o balcão para nosso lanche, irei buscar o chá.

Uruk novamente tornava-se calmo e sorridente, fazendo Uriel se sentir um pouco mais confortável com toda aquela situação.

- Por favor é claro... - Dizendo isso o loiro se ausentou dali por algum tempo.

Lentamente aquela mascara que sempre colocava na sua face tava caindo e dissolvendo em pedaços, mas, sabia que ele definitivamente não era a melhor pessoa para "ser quem ela era realmente". Quer dizer, tinha o hábito de ser mandona, xingar as pessoas e ainda ficava sem jeito facilmente - seu servo que o diga -, tinha ainda que se recompor.

Seus pensamentos estavam organizados de volta e ficou de pé, sua mente pesada com o sentimento daquelas cartas e sentia estar decepcionando alguém? Não, não queria decepciona-lo.
Por isso, apesar de ter se controlado para não dar uma rosnada com a adição do "por favor", andou até o balcão e fez conforme o loiro havia lhe dito e instintivamente olhou para fora, quase esperando ver a sombra "dele" ali na rua antes de se virar e voltar para a torta que ali estava, tirando-a dali e ajeitou as coisas habilmente.

Alguns instantes se passaram e o loiro voltou com a travessa contendo o bule de chá, duas xícaras douradas e outros potes pequenos.

- Então Uriel, por onde vamos começar?

Uruk indagava a jovem enquanto servia o chá e mantinha os olhos na torta.

- Estou curioso para com sua história e se foi você que preparou a torta ou a comprou...

Foi tomada de surpresa com a pergunta do loiro, dando um pequeno riso, verdadeiro. Cortou um pedaço da torta e separou, entregando-o em seguida.

- Eu sei fazer cafés, a torta foi preparada pela cozinheira do meu café. - Sorriu meio sem jeito, pegando um pedaço para si. - Eu acho que acabei me deixando levar quando tive a ideia de montar algum negócio aqui...

Apesar de tudo, ainda havia um tom meio... Tristonho na sua voz. Se sentou em um lugar disponível, comendo um pouco da torta em seguida. Não era sua favorita, preferia torta de limão ou então bolo de morango ou chocolate, mas, estava gostoso.

- Minha família foi "morta". - Decidiu começar, enfim. - Apesar da regra da magia ser um segredo, minha família era conhecida por toda a vizinhança pela "excentricidade", inclusive meu pai era chamado de bruxo; durante minha infância eu os via fazendo rituais de sangue e tratos com demônios, estes que também abusavam espiritualmente de mim.

Lembrar daquelas coisas... Até estava grata que Assassin não estivesse ali, contou apenas parte da história.

- Inevitavelmente a MA e a Igreja interviram, matando minha família inteira. Eu tentei fugir, mas a casa desabou sobre mim... Foi quando eu tive isso... - Deu uma pequena pausa para abrir os olhos, fazendo um pouco do fluxo de mana passar pelo seu corpo para fazer seus olhos "piscarem" no Mystic Eyes of Death Perception, sorrindo de canto em seguida. - Eu sobrevivi, claro. E fui mandada para um orfanato. Eu não era capaz de me socializar com nenhuma criança e elas também pareciam me evitar, até que um dia fui adotada pelos Einzbern.

Comeu mais alguns pedaços da torta, dando uma pequena pausa para ela mesma poder seguir com a história.

- Pouco depois que cheguei o líder da família me contou sobre a Guerra, sobre todo o significado do combate e qual seria minha função. Passaram a... Fazer experimentos em mim usando alquimia para inserir mais circuitos mágicos. - Olhou para seu braço instintivamente, apertando os punhos de leve. - Como eu não tinha capacidade de usar magia, por ter renegado ela pela minha família anterior, me jogaram na floresta durante o inverno para que eu sobrevivesse e lutasse, forçando a ativação da minha magia para sobreviver. Esse foi meu treinamento.

Era isso que se resumia sua vida, não era mesmo..? Sentia que tinha perdido até o apetite. Suspirou, olhando o prato no seu colo.

- Mesmo anteriormente, meu pai biológico apenas dizia que iriam apenas me usar e descartar, que apenas se aproveitariam da minha inocência e ingenuidade; minha família inteira era capaz de usar magia, mas fui eu que a reneguei por odiar a prática deles. O que eu desejo... Honestamente, como posso sequer pensar num desejo? Eu nem mesmo sei o que ou quem eu sou além de uma garota que gosta de doces, jogos e servir num maid café...

Uruk apreciava o sabor da torta enquanto ela falava, aparentemente sem prestar atenção em Uriel. Durante as pausas na história dela, Uruk tomava um pouco do chá e a olhava como se estivesse entediado.

- Então você é uma vítima do acaso. Uma escolhida pela própria natureza cruel deste mundo para sobreviver. Uma mulher que foi deixada para morrer duas vezes e ainda sim se recusou a tombar...

O olhar de Uruk brilhava, ele havia percebido algo em Uriel que nem mesmo ela seria capaz de entender.

- Você está longe de ser aquilo que diz ser Uriel. Não és uma arma ou um marionete. És uma sobrevivente e certamente não é um ser descartável e desprezível como os muitos que encontrei nesta era.

Servindo-se de mais uma fatia da torta, o loiro a indagou.

- E agora que está novamente em uma situação de vida ou morte. O que pretende fazer? Vencer essa disputa de usurpadores ou fugir pelo resto da sua vida daqueles que lhe enviaram para morrer?

Aproveitou para tomar chá também. Novamente ele falava daquela forma, "era". Honestamente, se ela usava uma mascara, também era complicado definir o que ou quem aquele homem na sua frente se definia.

Claramente seu olhar ficou atordoado enquanto inclinava a cabeça para o lado, tentando entender as palavras deste, mas, logo com a pergunta, deu um sorriso nervoso, seguido de um riso baixo.

- Se eu não ganhar eles viram me matar; mas, ao mesmo tempo, não consigo os ver como minha família para querer ganhar. - O mais perto de um desejo que tinha era o de poder viver como sempre desejou, mas, sabia que o que queria era possível de alcançar daquela forma naquela situação, não era? - Eu não tenho pensado em realmente guerrear e sim mais "assistir" e "guiar" esse combate. Viver é o que quero, por mais que eu possa vir a morrer, se eu puder pelo menos sentir...

Pousou a mão sobre seu peito, enfim sorrindo suavemente conforme pensava.

- Sentimentos diferentes, como felicidade, sendo que nunca fui capaz de fazer uma felicidade por mim mesma, fico contente de poder servir e fazer meus "mestres" sorrirem. - Fechou os olhos. - Sim, isso é o mais próximo de felicidade que consigo sentir. Mas, essa guerra ameaça isso tudo, e ao mesmo tempo independente de eu ganhar ou não vou perder o que prezo...

Raiva. Poder falar tão abertamente aqueles sentimentos, por mais que ele aparentasse estar entediado com o que dizia.

- Independente de agora ou depois, vou perder tudo. Eu... Não quero isso.

O loiro riu, tão repentinamente que quase engasgou com o chá.

- Essa conversa de querer sentir algo. Você lembra muito um antigo conhecido meu, que provou-se inútil ao falhar duas vezes no mesmo assunto...

Recuperando o folego, o rapaz a encarou nos olhos. Não da forma usual, mas como se estivesse encarando a própria alma de Uriel.

- Eu já conheci os Einzbern no passado e posso garantir que eles precisariam de um exército muito maio que aquelas homúnculos para sequer ameaçar a mim se eu decidir que você não será tocada.

O loiro piscou e relaxou um pouco a postura antes de voltar a falar.

- Eu tenho uma proposta a fazer a você. Aceitar ou não será uma decisão sua. Talvez a primeira que você tome sozinha e por você mesma em toda a sua vida...

Ele fez uma pausa enquanto tornava a olhar seus olhos.

- Mas saiba que sou um Rei de palavra e prometo aqui que não irei matar você caso decline de minha proposta, mas que irei protegê-la como um dos meus tesouros caso aceite.

Novamente uma pausa naquelas palavras que ecoavam pela livraria vazia e agora Uriel podia perceber que ele falava em um tom um pouco mais alto que o normal.

- Então, Uriel que não é uma Einzbern e renega o próprio nome. Deseja ouvir a proposta de um Rei ou deseja retomar para aquilo que chamou de vida até o dia em que me conheceu?

Foi tomada de surpresa pelo riso do homem, piscando os olhos um tanto perdida e inclinou a cabeça suavemente pro lado.

-... Nya..? - Murmurou bem baixo.

Em seguida ficou observando-o enquanto escutava atentamente aquelas palavras, até, novamente, se referir a esta como "tesouro" dele. Seu corpo ficou um pouco mais tenso e seu rosto ficou vermelho e novamente ecoava na sua mente um "que". Ainda estava processando aquela piscada de olho também, quase meio presa no momento.
Não, foco Uriel, tem uma situação importante acontecendo aqui.

Respirou fundo, tinha que admitir que estava curiosa sobre o que aquele homem estava querendo dizer. Talvez as coisas tivessem progredido de forma rápida? Mas, de outra forma... Sabia que as chances de cair eram muito altas se não tivesse um real objetivo por aquela guerra.
Por isso, sua expressão voltou a ficar séria conforme acenava positivamente com a cabeça.

- Eu... Quero ouvir sua proposta.

O Loiro sorriu ao ouvir que ela aceitava escutar a proposta.

- Existe algo que não deveria estar neste mundo. Aquilo que vocês chamam de Santo Graal. Há alguns anos um homem chamado Kotomine Kirei tentou utilizar o Graal para expurgar a humanidade. Eliminando cada ser que não fosse apto e povoar o planeta apenas com os dignos.

Uruk fez uma breve pausa para tomar um gole do chá.

- Confesso que partilhei do mesmo desejo. Todavia, este homem provou-se uma completa decepção. Não apenas falhou em executar aquilo que havia planejado, mas também foi derrotado por um rapaz sem nenhuma experiência.

O loiro pouco a xícara no balcão enquanto olhava fixamente para ela.

- Ocorre que aquele bastardo sobreviveu de alguma forma, encontra-se nesta cidade e não consigo localiza-lo. - O homem fez uma pausa e seu semblante tornou a ficar sério - Sua ambição tornou-se tão intensa que ele conduziu experimentos para tentar criar uma cópia daquele objeto, porém algo aconteceu e o verdadeiro Graal está se manifestando.

Neste momento Uriel pode ver por um instante uma leve aura dourada envolvendo Uruk.

- Eu quero que você assegure que ninguém irá tocar no Graal quando ele se manifestar ou que você encontre o Kotomine Kirei.

Ele falou.
A expressão de Uriel a traiu por um instante quando ouviu aquela proposta.
Por que aquilo?
Por que aquelas palavras?
Mas, fechou os olhos em seguida, apertando os punhos enquanto respirava fundo.

Estava pensando não somente no que aquelas palavras lhe significavam. Estava apenas se jogando de um lado para o outro, trocando de mão daquela forma...
Queria viver, não queria?
Isso significava muito mais do que assegurar seu mundo...
Ela queria um significado para sua vida, um significado que ela sentisse que valesse a pena lutar por, mesmo que significasse que poderia acabar morrendo por aquilo também, não era?

- Tenho que admitir que te achei um homem deverás interessante, Uruk. - Seu tom havia mudado completamente de anteriormente, seguro e abriu os olhos, séria, entretanto, logo o canto do seu lábio foi traído, erguendo um pequeno sorriso. - Entretanto, não vou negar com base no que pede.

Verdades eram aquelas que tinha que descobrir, inclusive sobre os que a rodeava. Em parte, não podia negar que sua carência e excitação de algo desconhecido a sua frente acabavam criando uma onda magnética que não conseguia negar, entretanto...

- Eu não sou um tesouro. Não me entenda errado, apenas... Não acho que valho o suficiente ou que significo o bastante para ser um tesouro. Sou uma humana muito sortuda que sobreviveu duas vezes... E também, por mais que goste da ideia de finalmente achar meu mestre... - Seu rosto enrubesceu de leve, fechando um dos olhos enquanto erguia um pouco o rosto. - Se eu simplesmente me render dessa forma vou começar a trair o que eu tenho certa ideia do que eu quero.

Em parte? Se sentia muito feliz de estar se colocando firme quanto as certezas de sua lealdade. Em outra? Finalmente começava a ter ideia do que buscava, apesar que era uma corda bamba, por mais que odiasse isso.

- Eu também não concordo com a ideia de limpar a humanidade, bem ou mal, pessoas fracas ou fortes, todas elas fazem parte desse mundo e moldam umas as outras, dando a oportunidade de surgir flores prosperas nesse jardim. - Sorriu, seu coração batia firme. - Por isso, como eu disse, não é com base no que pede...

Começou a andar, pegando suas coisas, mas, claro, deixando a torta ali.

- Quanto a alguém tocar no Graal, posso tentar... Manter alguma segurança quanto ao seu uso, mas, você pretende usar seu tesouro? - Olhou-o por cima do ombro.

O Loiro sorriu para ela, de uma forma que Uriel nunca havia visto antes.

- Hoje o dia está repleto de lembranças. Sua atitude agora lembrou de uma mulher que conheci...

Uruk começou a aplaudir Uriel, não de deboche, mas de felicidade.

- Sua recusa apenas me dá mais vontade de ter você comigo, assim como aconteceu com ela. Mas recusar um Rei como eu, apenas por seus ideais é algo majestoso. Parabéns Senhorita Uriel.

O homem terminou de aplaudir e sorriu para ela, de uma forma maliciosa.

- Não possuo a vontade de usar meu tesouro. Apenas não quero que ele caia nas mãos de alguém indigno, antes de retornar a mim.

-... - Uriel piscou duas vezes, sua postura séria decaindo para uma no minimo de incredulidade misturada com certa vergonha, mas sem se virar totalmente. - Nya?

God.
Fucking.
Damn it.
O rosto da garota dessa vez ficou vermelho, uma irritação suave que passou por ela de ficar sendo referida daquela forma junto com uma cara emburrada.

- Ohgoddamnitugottatobekiddingme - Murmurou, passando a mão no rosto enquanto respirava fundo e se virou finalmente, cruzando os braços. - Tudo bem, eu descubro quem ta metido na guerra, passo para você e assim você se assegura sobre quem é digno ou não, ok?

E terminou ficando numa pose um tanto "firme demais", suspirando e então olhou pro lado.

- Vamos chamar de um acordo.

Uruk riu, era a única coisa que ele podia fazer diante da atitude dela

- Espero que possamos tomar chá outra vezes.... Na próxima, você escolhe a torta.

Ele sorria para Uriel, gentilmente, enquanto arrumava o balcão.

Suspirou, não conseguiu deter um pequeno sorriso que se formou conforme seguia de volta para a saída.

- Tudo bem, até a próxima, Uruk.

Abriu a porta e seguiu de volta.

-> Visão Geral

Entrou na loja calmamente, a sacola da torta estava na sua mão e olhou ao redor. Será que ele estaria ali apesar de toda bagunça estava acontecendo..?

Por falar em bagunça, instintivamente olhou em direção do Academique. Se lembrava ainda perfeitamente do combate que começou por lá por conta da Ruler... E ainda sentia uma grande manifestação de mana vindo de lá.

- Espero que terminem logo aquilo... - Murmurou para si mesma.

Poderia mandar Assassin para lá ou poderia aparecer, mas, depois do que houve dele atacando os policiais... Estava com um pouco de medo de olhar as notícias.

Com um suspiro, relaxou os ombros e olhou ao redor.

- Uruk? Cheguei.

"Cheguei"? O que era aquilo, por acaso já estava tão natural assim? Acabou se lembrando do que seu servo havia dito sobre amor e abaixou um pouco sua cabeça, sentiu suas bochechas esquentando um pouco e balançou a cabeça.

- Não, não, vamos lá Uriel. - Murmurou para si mesma e levantou a cabeça ao mesmo tempo que respirava fundo.

Saindo de trás de uma das estantes com um livro sobre a mitologia persa nos braços.

- Senhorita Uriel, não esperava sua visita hoje...

Uruk parecia um pouco sério antes de olhar para jovem, mas ganhou seu semblante quase que costumeiramente calmo e sorridente ao dirigir a palavra a ela.

-... Eu estou vindo a três dias seguidos, eu achei que já teria até se habituado.

Bufou brevemente e olhou para o livro em suas mãos.
Rapidamente começou a buscar alguma ligação... Por que ele estava vendo todas aqueles livros...

-... Você está lendo sobre os espíritos heroicos que eu falei aqui outro dia quando estava no telefone?

Se aproximou já um pouco sem cerimonia, e talvez pudesse ser notado no seu jeito de falar e agir, não tão "cuidadoso e fofo" que estava um pouco mais a vontade, entretanto, ainda parou alguns passos conforme se abaixava e estreitava os olhos para verificar o título.

O Loiro a encarou por alguns instantes e riu.

- Não necessariamente. Aconteceu algo hoje cedo e até mesmo falta de cortesia é um pecado entre os Reis.

Uruk passou por Uriel entregando o livro para ela e indo até a frente da loja.

- Hoje eu não preparei chá, você terá que aguardar enquanto eu faço, mas não posso deixar a loja aberta... - Disse o homem enquanto fechava a loja e colocava um placa de almoço.

- Espero que não se importe, é claro. Mas caso recuse o chá, dialogar com você sem interrupções também é algo proveitoso e na pior das hipóteses eu simplesmente vou almoçar.

Disse o loiro, de forma sorridente e calma, enquanto caminhava na direção de Uriel.